Rio de Janeiro

CORRUPÇÃO

Parlamentares fluminenses associam Bolsonaro a Witzel e Pastor Everaldo

Deputados lembraram que governador foi eleito com apoio da família Bolsonaro e presidente foi batizado por pastor preso

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Apoio da famíia Bolsonaro em 2018 foi fundamental para eleição de Witzel, candidato até então desconhecido da população
Apoio da famíia Bolsonaro em 2018 foi fundamental para eleição de Witzel, candidato até então desconhecido da população - Carolina Antunes/PR

Parlamentares do Rio de Janeiro comentaram o afastamento do governador Wilson Witzel (PSC) do cargo pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Na manhã desta sexta-feira (28), o STJ determinou que Witzel se afaste inicialmente por seis meses do cargo por suspeita de envolvimento em um esquema de corrupção na área de saúde.

Deputados estaduais e federais do Rio, além de vereadores da capital fluminense, lembraram da associação política entre o governador e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Em 2018, o apoio da família Bolsonaro alavancou a candidatura de Witzel, até então desconhecido na política fluminense. Em 2019, contudo, o chefe do Executivo no estado rompeu com o Palácio do Planalto.

Para o deputado federal Marcelo Freixo (Psol), que em maio anunciou que o governador não conseguiria se sustentar no cargo, a "rachadinha" na amizade entre o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos) e Witzel pode esconder interesses da família Bolsonaro sobre o futuro da política no estado.  

"A família Bolsonaro tem interesse em influenciar e escolher quem será o próximo governador do Rio de Janeiro. Isso é vantajoso para quem é investigado por corrupção. Será que a amizade entre Flávio Bolsonaro e Witzel deu uma rachadinha? Lembrando que foi o clã Bolsonaro que elegeu Witzel", disse o parlamentar do Psol.

A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB) questionou a medida monocrática do ministro Benedito Gonçalves e disse que o afastamento precisa ser confirmado em decisão coletiva pelo pleno do STJ. Mas a história de primeiras-damas envolvidas em caso de corrupção, com Helena Witzel como alvo das operações, se repete desde Sérgio Cabral até Jair Bolsonaro.

"Os dados são robustos e envolvem mais uma vez uma primeira-dama, como foi com Adriana Ancelmo e no caso dos cheques para Michelle Bolsonaro. Há processos constitucionais e legais para afastar os corruptos dos governos. E, é claro, há um processo de impeachment em curso na Alerj e o STJ tem um pleno", comentou Jandira.

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Os parlamentares mencionaram também as relações entre Bolsonaro e o presidente nacional do PSC, Pastor Everaldo, preso nesta manhã. Em 2016, o pastor batizou Bolsonaro no Rio Jordão, em Israel. Citado em delações da Operação Lava Jato, Everaldo operava junto ao ex-deputado Eduardo Cunha (MDB), preso em 2016, e é suspeito de ter recebido R$ 6 milhões para favorecer a candidatura de Aécio Neves (PSDB) em 2014.

"O problema não é a presença de evangélicos na política. É o uso eleitoreiro da fé do povo. Pastor Everaldo, líder do PSC, padrinho político de Witzel e suspeito de ser o chefe de um milionário esquema de corrupção também foi o escolhido para o batismo da família Bolsonaro", comentou o vereador Tarcísio Motta (Psol), acrescentando que Witzel e o bolsonarismo usaram "o discurso anti-corrupção para ganhar votos enquanto repetia as mesmas práticas".

Já o deputado federal David Miranda (Psol) disse estranhar que suspeitas pairem sobre todas as pessoas em torno de Bolsonaro, inclusive seus familiares, mas que nada atinge o presidente da República.

"É impressionante, são criminosos os filhos do Bolsonaro, o melhor amigo do Bolsonaro, os vizinhos do Bolsonaro, o pastor que batizou o Bolsonaro, o governador que Bolsonaro elegeu. Mas o Bolsonaro não, né?", afirmou Miranda, em alusão às investigações envolvendo filhos do presidente, Witzel e o ex-assessor Fabrício Queiroz, além do pastor que batizou o presidente.

Edição: Eduardo Miranda