Paraná

CORRUPÇÃO

Gaeco deflagra operação contra vereadora suspeita de rachadinha em Foz do Iguaçu

Investigação também envolve crimes como organização criminosa e lavagem de dinheiro

Foz do Iguaçu (PR) |
Vereadora Carol Dedonatti e o policial civil Stanley Alves - Foto: Reprodução

A Câmara Municipal de Foz do Iguaçu, oeste do Paraná, foi surpreendida na manhã de sexta-feira (9) com uma equipe de agentes do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Em paralelo, outra equipe também se fazia presente na sede da Diretoria de Bem Estar Animal (DIBA), órgão vinculado à prefeitura.

Denominada "Tudo pela causa", a operação deflagrou o cumprimento de nove mandados de busca e apreensão autorizados pela Justiça local. As diligências capitaneadas pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) tinham como alvos a vereadora Carol Dedonatti (PP), seu namorado - o policial civil Stanley Alves - e assessores indicados pela parlamentar para cargos comissionados, tanto no Legislativo quanto no Executivo.

“Essa operação faz referência à causa animal, que é a causa utilizada como bandeira pela vereadora alvo da operação. Esse crime, o de rachadinha, conhecido por todos, crime extremamente grave, de peculato, e que a vereadora, em tese, solicitaria, exigiria certa quantia de recurso por parte dos assessores, supostamente para manter essa causa defendida por ela”, explicou o promotor Thiago Lisboa, em entrevista coletiva.

De acordo com o representante do MP-PR, a investigação começou a partir de denúncias publicadas pela imprensa. Segundo Thiago Lisboa, até o momento, há indícios da prática de crimes de peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro. O crime de improbidade administrativa, em razão do aparente uso da máquina pública em benefício próprio, também figura no bojo das investigações.

Ao final das buscas e apreensões realizadas na Câmara, foram feitas buscas nas residências dos suspeitos, entre eles o Diretor Jurídico da Câmara de Vereadores, apadrinhado político de Dedonatti. Foram apreendidos aparelhos celulares, documentos, computadores e R$ 4 mil em espécie.

Defesa alega "acusações falsas"

A defesa da vereadora afirmou, em nota, que a operação se baseou em acusações falsas de opositores com o objetivo de atingir a carreira política, danificar a imagem e campanha eleitoral dela.

Também por meio de nota, a Câmara de Vereadores informou que recebeu policiais apenas para verificar o "gabinete de uma vereadora específica." Já a Prefeitura de Foz do Iguaçu declarou que está à disposição para esclarecimentos e que, se for comprovada qualquer irregularidade, será instaurado procedimento administrativo para averiguação.

Relembre o caso

Em 28 de abril passado, duas ex-servidoras indicadas pela vereadora Carol Dedonatti para cargos comissionados na DIBA confirmaram a prática de rachadinha dentro do gabinete da parlamentar.

De acordo com as protetoras de animais que atuaram em 2020 pela eleição de Dedonatti, além de pedir a devolução de parte dos salários, a vereadora justificaria a necessidade do dinheiro para "manutenção de projetos, em benefício da causa animal."

O caso foi parar no plenário da Câmara Municipal após um pedido de cassação ser apresentado no Legislativo contra Dedonatti. Suspeito de ter sido forjado pela própria vereadora, o processo foi rejeitado após sessão marcada por relatos de coação e ameaça.

Edição: Lia Bianchini