Rio de Janeiro

Denúncia

Barcas fazem travessia Rio-Niterói lotadas, sem álcool em gel e sabão nos banheiros

Com suspensão de ônibus intermunicipais, transporte passou a ser única opção para trabalhadores de serviços essenciais

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Barca atravessa baía de guanabara
Intervalo de saída de embarcações das estações passou a ser de hora em hora após decreto estadual da quarentena - Henrique Freire/ GERJ

Passageiros que viajam nas barcas entre as cidades do Rio de Janeiro e Niterói vêm se queixando da lotação e das condições sanitárias nas embarcações desde que o governo estadual determinou a suspensão das viagens de ônibus intermunicipais  em decorrência da pandemia do coronavírus. A concessionária CCR Barcas vem fazendo de forma exclusiva o trânsito reduzido de pessoas entre as duas cidades.

Na última quinta-feira (26), a CCR Barcas informou que havia realizado desinfecção de embarcações nas estações e que instalou recipientes com álcool em gel para os passageiros. Mas o deputado estadual Flávio Serafini (Psol) afirmou, na última segunda-feira (30), que recebeu diversas denúncias sobre as condições de funcionamento do transporte. 

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Em sua página no Facebook, o parlamentar explicou que decidiu vistoriar as barcas depois de ter enviado pedidos de esclarecimentos às secretarias de Saúde e de Transporte e à Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes do estado (Agetransp), mas não ter recebido nenhuma resposta dos órgãos responsáveis.

"O transporte aquaviário é a única maneira que os trabalhadores e trabalhadoras têm para se deslocar entre esses municípios. Muito nos preocupou a ausência de álcool em gel na estação Araribóia [em Niterói] e a ausência de sabão nos banheiros, dois fundamentais agentes no combate ao covid-19", relatou Serafini.

Ainda segundo o deputado, a redução da frequência de saída das embarcações do Rio e de Niterói provocou mais problemas. De acordo com a determinação estadual, as barcas passaram a sair de hora em hora nas duas cidades e o trânsito só está permitido a trabalhadores de serviços essenciais. Em tese, a medida deveria deixar as embarcações mais vazias para evitar o contágio da covid-19.

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"Há problemas com o cumprimento de horários e lotação das embarcações, que acreditamos estar superior ao ideal para evitar aglomeração de pessoas. Iremos fazer todas as representações necessárias para a Vigilância Sanitária, Agetransp e demais órgãos envolvidos, para que seja respeitadas as medidas de proteção à população neste momento", declarou Serafini.

O Brasil de Fato procurou a CCR Barcas para esclarecimentos sobre as denúncias mas não obteve respostas específicas sobre os questionamentos. Em nota, a empresa disse que "em cumprimento à determinação do Governo do Estado do Rio de Janeiro, por medida de prevenção ao aumento do número de casos de Coronavírus, na linha Arariboia, entre 6h e 9h, nos dias úteis, as viagens estão sendo realizadas conforme sistema de intervalo de 30 minutos entre as partidas, sendo que somente profissionais de setores essenciais estão sendo transportados. De acordo com os registros do Centro de Controle Operacional (CCO), não houve dilação nos horários desse sistema na última segunda-feira (30)".

A concessionária destacou ainda que "adotou procedimentos operacionais e de informação, além de intensificar a limpeza e a higienização das embarcações e estações, sendo que as dependências da empresa passaram, nos últimos dias, por processo de desinfecção promovido por militares da Marinha do Brasil e do Exército Brasileiro, todos treinados em procedimentos de Defesa Biológica, Nuclear, Química e Radiológica (DBNQR)".

Edição: Mariana Pitasse