Covid-19

Twitter, Facebook e Instagram apagam publicações de Bolsonaro: “Dano real às pessoas”

Redes sociais consideram que vídeos do presidente nas ruas, em meio à pandemia do coronavírus, ferem a saúde mundial

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

Ouça o áudio:

bolsonaro
twitter
taguatinga
Empresas de redes sociais deletam conteúdo de Bolsonaro que estaria gerando "desinformação" - Dole777/Unsplash

Cada vez mais distante do Congresso, da imprensa, e de lideranças políticas do Brasil e de outros países, no mundo real, agora Jair Bolsonaro (sem partido) foi rejeitado também nas redes sociais. O presidente brasileiro viu o Twitter, o Facebook e o Instagram apagarem vídeos de sua conta oficial que o mostravam passeando pelas ruas de Brasília (DF), em meio à pandemia do coronavírus.

Continua após publicidade

As empresas entendem que as publicações do presidente causam “desinformação” e provocam “danos reais às pessoas”. Os passeios de Bolsonaro ferem as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), do Ministério da Saúde e de infectologistas, epidemiologistas e médicos do mundo inteiro, que seguem recomendando o isolamento da população para frear a curva de crescimento do coronavírus.

Na contramão de governantes de todo o mundo, Bolsonaro tem insistido com o “isolamento vertical”, que, segundo o mandatário, significa restringir o acesso às ruas somente do grupo de risco, composto por idosos e doentes crônicos. A ideia do presidente foi condenada, inclusive, por Luiz Henrique Mandetta, ministro da Saúde.

:: Bolsonaro esconde Mandetta em coletiva com outros cinco ministérios e acirra conflito::

Em nota, o Twitter afirmou que "as publicações do presidente foram apagadas pois ferem regras recentes da empresa, que não permitem conteúdos que forem eventualmente contra informações de saúde pública orientadas por fontes oficiais e possam colocar as pessoas em maior risco de transmitir Covid-19."

Nos vídeos, Bolsonaro aparece circulando nos comércios de Taguatinga e Sobradinho, interagindo com a população local e recomendando que se utiliza, em caso de contaminação por coronavírus, a hidroxicloroquina, medicamento que ainda está em fase de testes e que não teve sua eficácia no combate ao vírus comprovada.


Bolsonaro tenta diálogo com comerciante informal, no domingo (29) / Reprodução/Twitter

Isolamento

Por enquanto, o “isolamento vertical” desejado por Bolsonaro não foi determinado nem pelo seu governo. Em coletiva na tarde desta segunda-feira (30), Mandetta afirmou que “o Ministério da Saúde mantém seu posicionamento sempre científico e técnico” e afirmou que a população deve se manter em casa.

A contenda entre Bolsonaro e Mandetta se tornou um problema para o governo. Na última sexta-feira (27), o ministro ironizou empresários que apoiam o presidente e as manifestações chamadas para pedir o fim do isolamento no país.

Edição: Rodrigo Chagas