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Disputa entre tráfico e milícia protagonizou tiroteios na zona Oeste do Rio no mês de janeiro

Gardênia Azul, em Jacarepaguá, teve nove tiroteios no último mês, segundo levantamento do Fogo Cruzado

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
A cada quatro tiroteios ocorridos entre grupos armados no último mês, um se deu na zona oeste, segundo Instituto Fogo Cruzado
A cada quatro tiroteios ocorridos entre grupos armados no último mês, um se deu na zona oeste, segundo Instituto Fogo Cruzado - EBC

O relatório mensal do Instituto Fogo Cruzado divulgado na última quinta-feira (9) apontou que o primeiro mês do ano foi marcado pela disputa entre grupos armados por controle territorial na zona Oeste do Rio de Janeiro. Foram registrados 12 tiroteios durante a conflitos entre milícias e facções do tráfico em janeiro, dos quais a zona oeste concentrou nove tiroteios, cinco mortos e dois feridos.

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De acordo com o balanço, a invasão da facção "Comando Vermelho" a áreas dominadas por décadas pela milícia teve como principal palco de confrontos a Gardênia Azul, em Jacarepaguá. A região acumulou nove tiroteios no último mês, sendo dois deles durante disputas entre tráfico e milícia, três em ações e operações policiais e quatro não tiveram a motivação identificada.

Outra comunidade afetada pelas invasões foi a Cidade de Deus, localizada ao lado da Gardênia Azul. Foram sete tiroteios em janeiro, um deles em disputas entre grupos armados. 

A Muzema, escolhida há um ano para receber o programa de segurança pública do governo do estado Cidade Integrada, teve quatro tiroteios, sendo dois deles em disputas. Já em Curicica, foram quatro tiroteios, um deles em disputa entre grupos armados.

Conflitos entre tráfico e milícia na região metropolitana no Rio resultaram em 14 pessoas baleadas. Entre as vítimas, uma foi morta e outra ficou ferida ao serem atingidas por balas perdidas. Outras três foram vítimas de chacinas.

Segundo a base de dados Mapa dos Grupos Armados, do Fogo Cruzado e do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos, da Universidade Federal Fluminense (GENI-UFF), a milícia controla 49,9% das áreas dominadas por grupos armados no Rio de Janeiro.

“Dados são fundamentais para se construir políticas públicas que de fato sejam eficazes para trazer segurança à população. Falar sobre os grupos armados, sobre os conflitos entre tráfico e milícias, é um obstáculo para o governo do estado, que não divulga dados sobre essas disputas", avalia Carlos Nhanga, coordenador regional do Instituto Fogo Cruzado no Rio de Janeiro.

Vítimas

Em relação ao último mês, o número de tiroteios na região metropolitana do Rio representou um aumento de 29% na comparação com janeiro de 2022. Do total de 294 tiroteios mapeados em janeiro, 39% (114) deles ocorreram em ações ou operações policiais.

Ao todo, 164 pessoas foram baleadas: 81 delas morreram e 83 ficaram feridas. Em comparação com janeiro do ano passado, que concentrou 122 baleados, sendo 64 mortos e 58 feridos. Neste ano, janeiro teve aumento de 27% no número de mortos e de 43% no número de feridos.

Edição: Clívia Mesquita