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Números

Casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave seguem altos, aponta Fiocruz

A situação por regiões é heterogênea; no sudeste, Rio e Espírito Santo apresentam manutenção do sinal de queda

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
O monitoramento de SRAG é um dos indicativos que pode ser utilizado para medir a evolução da epidemia de covid-19 no país - Silvio Ávila

O novo boletim semanal do sistema InfoGripe, produzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), destaca que todas as regiões do país seguem com uma ocorrência de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) muito alta, bem acima do limiar e do padrão histórico. O país segue em zona de risco para hospitalizações e óbitos por SRAG. A situação por regiões, no entanto, é heterogênea, com alguns estados apresentando sinais de crescimento no número de casos, enquanto outros apresentam tendência de queda ou estabilização. 

Até o dia 20 de junho, foram reportados um total de 208.967 casos no ano, sendo 95.106 com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 62.694 negativos, e ao menos 36.301 aguardando resultado. Dentre os positivos, 1.1% são para Influenza A, 0,5% Influenza B, 0,9% vírus sincicial respiratório (VSR), e 95,4% Sars-CoV-2 (covid-19). Também foram registrado 49.352 óbitos por SRAG no ano, sendo 31.915 com resultado laboratorial  positivo para algum vírus respiratório, 11.878 negativos, e ao menos  2.486 aguardando resultado. Dentre os positivos, 0.4% Influenza A, 0.1%  Influenza B, 0.1%  vírus sincicial respiratório, e 98.7% Sars-CoV-2 (covid-19).

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Conforme explica a Fiocruz, o monitoramento de SRAG é um dos indicativos que pode ser utilizado para medir a evolução da epidemia de covid-19 no país. No entanto, ele não deve ser considerado de forma isolada, os dados devem ser utilizados em combinação com demais indicadores relevantes, como a taxa de ocupação de leitos das respectivas regionais de saúde, por exemplo.

“A notificação de SRAG pelo InfoGripe utiliza dados do Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) e existe desde 2009, quando houve uma epidemia de H1N1. Desde então, ela trabalha com monitoramento e estimativas e permite a vigilância epidemiológica de doenças respiratórias, tendo como foco principal a circulação sazonal de vírus Influenza e a detecção oportuna de novos subtipos com alta patogenicidade, como novas variantes de Influenza aviária ou suína com transmissão em humanos, ou de novos vírus respiratórios”, explica o coordenador da plataforma e pesquisador da Fiocruz, Marcelo Gomes.

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O sistema de alerta foi o primeiro a detectar um aumento fora do comum de internações por síndromes respiratórias ainda em março. A definição de SRAG segue um padrão internacional de vigilância sindrômica que inclui internações e óbitos com presença de febre, tosse ou dor de garganta e sinal de dificuldade respiratória. O sistema permite ainda a inclusão de outros casos que não atendem todos os sintomas, o que possibilita avaliar a real relevância da exigência de cada sintoma frente às diferentes emergências. No caso atual, seguindo orientação do Ministério da Saúde, a contagem de casos desconsidera o filtro por febre, uma vez que os casos de covid-19 nem sempre apresentam esse sintoma.

“Embora a gente saiba que nem todos os casos de SRAG não identificado seja covid-19 e que nem todos os casos da doença entrem nas notificações por SRAG, existem razões para acreditar que pelo menos parte do casos de SRAG sem causa definida sejam relacionados ao novo coronavírus, como o perfil etário das internações e o altíssimo índice do Sars-CoV-2 entre os casos positivos para algum vírus respiratório. Além disso, o sistema auxilia o acompanhamento das internações por outras vírus sazonais, ajudando os gestores a se preparar”, explica Gomes.

Para fins de comparação, o total de registros de hospitalizações ou óbitos no Sivep-gripe em 2020, independente de sintomas, é de 309.959 casos, considerando o atraso de oportunidade de digitação, a estimativa é de o total atual seja cerca de 354.938. Durante o surto de Influenza H1N1 em 2009, o pior da série histórica, foram 202.529 casos notificados com os mesmos critérios.

Situação por região

Na região Sudeste, parece haver uma oscilação pequena dos casos, mas em torno de um padrão estável. Enquanto Espírito Santo e Rio de Janeiro apresentam manutenção do sinal de queda, em Minas Gerais os casos de SRAG ainda crescem, porém, com início de desaceleração. Em São Paulo, os casos estão oscilando.

Na região Norte, a tendência geral é de queda sustentada, com redução significativa no número de casos semanais iniciada no mês de maio. No entanto, alguns estados ainda apresentam crescimento do número de casos, como Rondônia e Roraima.

No Nordeste, existe sinal de uma possível estabilização nas internações por SRAG, após a queda observada na segunda quinzena de maio. A situação da região é heterogênea. Enquanto nos estados de Pernambuco, Paraíba, Piauí e Rio Grande do Norte se observa uma tendência de queda, em outros estados, como Alagoas, Bahia e Sergipe, a estimativa indica que os casos seguem aumentando. Já Ceará e Maranhão possuem sinais de estabilização do número de casos.

Centro-Oeste e Sul são as regiões onde existe manutenção da tendência de crescimento, já observada anteriormente. Em todos os estados das duas regiões, há sinal de crescimento dos casos de SRAG. A única exceção é Mato Grosso, onde há sinal de queda.

Para um panorama mais preciso do quadro atual, a Fiocruz recomenda que sejam feitas avaliações locais, considerando regiões de saúde, uma vez que a situação dos grandes centros urbanos é potencialmente distinta da evolução no interior de cada estado.

Fonte: Agência Fiocruz de Notícias

Edição: Mariana Pitasse