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"A universidade me mostrou novos mundos", afirma professora sobre importância da Lei de Cotas

Papo na Laje desta quinta (3) conversa sobre os 10 anos da lei e políticas de permanência nas universidades públicas

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Janete Ribeiro e Eduardo Nascimento contaram que a lei mudou o perfil dos estudantes, mas as políticas de permanência ainda são insuficientes - Stefano Figalo/Papo na Laje

O programa Papo na Laje desta quinta-feira (3) traz a experiência de duas gerações na universidade pública para debater os 10 anos da Lei de Cotas. O episódio foi gravado em Campo Grande, na zona Oeste do Rio de Janeiro. 

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Nele, a professora da Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec), Janete Ribeiro, que frequentou o ensino superior na década de 1980, contou que a universidade não era pensada para pessoas que precisavam conciliar o trabalho com os estudos. 

"Mesmo trabalhando meio período eu não conseguia administrar uma coisa e outra. A universidade para mim se tornou um espaço de descobertas de outros mundos. Fui apresentada à cultura negra como caminho para entender o ser brasileiro e brasileira", contou a professora, que é militante do movimento negro. 

Já para o estudante Eduardo Nascimento, a lei de cotas raciais (Lei 12.711), promulgada em 29 de agosto de 2012, promoveu uma importante mudança nesse aspecto. No entanto, ele ressalta que ainda faltam políticas de assistência estudantil para garantir a permanência dos mais pobres na universidade.   

"A estrutura da universidade ainda é muito engessada em uma lógica que exclui o trabalhador. O debate sobre o respeito à Lei de Cotas e as políticas de permanência devem estar vinculados", disse Eduardo em entrevista à apresentadora Dani Câmara.

Eles também falaram que a Lei de Cotas é uma política pública de reparação para a população negra. "Enquanto os brancos não assumirem que são herdeiros de opressores, eles não vão entender que a cota sempre existiu para eles. Hoje, a cota é investir em política pública para todos. Portanto, discutir o privilégio branco é fundamental para eliminar o racismo", pontuou a professora Janete.

No episódio, os convidados falaram sobre combate às fraudes pelas comissões de heteroidentificação e os desafios para o futuro da Lei de Cotas. "Na UFRJ, os coletivos, estudantes e técnicos, começam a comissão de heteroidentificação nessa luta. Não é um processo para que pessoas negras se sintam desconfortáveis ou constrangidas. É uma busca para garantir o cumprimento da lei", explicou Eduardo. 

A segunda temporada do Papo na Laje é transmitida na TV Comunitária do Rio de Janeiro, canal 6 da NET, e no canal do YouTube do programa, todas as quintas, às 18h. Também é possível assistir em toda Grande São Paulo no canal aberto digital da TVT, também as quintas, às 20h.

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Edição: Mariana Pitasse