Rio de Janeiro

violência política

Um político é assassinado na Baixada Fluminense a cada 45 dias, aponta levantamento

Pesquisa conclui que domínio das milícias tem relação direta nos casos; Duque de Caxias (RJ) lidera em número de ataques

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Estudo analisou diferentes tipos de violência cometidos contra políticos e ativistas na Baixada Fluminense e na região de Ilha Grande - Sergio Lima / AFP

Um agente político é assassinado na Baixada Fluminense a cada 45 dias, segundo a Pesquisa Violência Política da Baixada Fluminense e Baía da Ilha Grande. Para o levantamento, pesquisadores analisaram diferentes tipos de violência cometidos contra políticos e ativistas nas duas regiões, entre janeiro de 2021 e junho deste ano.

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De acordo com o estudo, dos 31 casos de violência política mapeados, 28 foram cometidos na Baixada Fluminense e três na região de Ilha Grande. Do total, 23 foram praticadas com o uso de armas de fogo e 12 foram enquadradas como execuções sumárias, todas registradas na Baixada.

Entre os demais tipos de violência estão atentados contra a vida, ameaça, invasão de espaço político, depredação de espaço político, violência política de gênero, e disparo de arma letal contra manifestação política. A apresentação dos dados aconteceu na última terça-feira (27) na sede do Observatório de Favelas, na Maré, zona norte do Rio.

O estudo foi desenvolvido por pesquisadores do Observatório de Favelas, da Universidade Federal Fluminense (UFF), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e da Universidade Witwatersrand (WITS), da África do Sul, com apoio da Fundação Heinrich Boll e da Open Society Foundations.

O município de Duque de Caxias lidera em número de casos de violência política, com 10 ataques, seguido por Nilópolis com quatro ocorrências. Logo atrás vem as cidades de Nova Iguaçu, São João de Meriti e Itaguaí. O estudo tem como base casos de violência política divulgados em jornais, entrevistas e monitoramento das mídias sociais de políticos. 

A pesquisa também concluíram que o domínio das milícias nestes territórios tem relação direta nos casos analisados. Dos 31 casos mapeados, 13 foram cometidos em áreas de milícia, entre os quais nove foram de execuções. 

Por fim, o documento recomenda uma série de ações direcionadas aos Ministérios Públicos Eleitorais, ao Poder Legislativo, aos Tribunais de Contas e aos partidos políticos como coibir discursos de ódio e estabelecer mecanismos de proteção à vida de políticos ameaçados de morte.

Edição: Clívia Mesquita