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Justiça do RJ condena Ronnie Lessa, acusado de matar Marielle, por comércio ilegal de armas

Condenado a 13 anos de prisão, ex-policial militar tinha armazenou componentes que dariam origem a 117 fuzis

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Ronnie Lessa está preso desde março de 2019 e irá a júri popular, junto com Élcio Queiroz, pelos assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes - Foto: Reprodução

O ex-policial militar Ronnie Lessa, acusado de matar a vereadora Marielle Franco, foi condenado na última quinta-feira (8) a 13 anos e seis meses de prisão por comércio ilegal de arma de fogo. A sentença foi proferida pela 40ª Vara Criminal da Capital. A denúncia foi oferecida pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).

No dia 12 de março de 2019, logo após prenderem Ronnie pela morte da vereadora do Psol e do seu motorista, Anderson Gomes, o Gaeco e a Polícia Civil encontraram, em uma residência no Méier, na zona norte, diversas caixas pertencentes ao ex-PM com componentes de fuzil que seriam posteriormente montados, dando origem a 117 fuzis.

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A decisão da justiça ressalta que não havia dentre os materiais apreendidos peças exclusivas de airsoft (esporte que simula situações de combate com armas de pressão), como os ferrolhos apreendidos são peças de uso exclusivo para arma de fogo.

Segundo o delegado responsável pela apreensão, em depoimento à justiça, explicou que, apesar de as demais peças não serem exclusivas de fuzis, podendo ser utilizadas para a montagem de airsoft também, pela qualidade do material pode-se afirmar que seriam utilizadas para a produção de fuzis reais.

"Isso porque, financeiramente, não compensaria comprar peças de qualidade e resistência suficientes para efetuar disparos com munição verdadeira, para montar fuzis de airsoft", destacou um dos trechos da decisão. 

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A sentença também destacou que a narrativa das peças apreendidas servirem para a montagem de armas de airsoft não constava das declarações prestadas por Ronnie quando de sua prisão em flagrante.

"A delegada da Divisão de Homicídios foi firme ao narrar que, no dia de sua prisão em flagrante, Ronnie teria confessado informalmente o crime, esclarecendo que em dezembro de 2018, quando começaram a ser divulgadas as operações do caso do assassinato da vereadora Marielle, no qual ele constava como investigado, começou a distribuir as peças das armas por vários endereços, deixando no Méier algumas caixas, como um subterfúgio para que nenhuma arma inteira fosse encontrada”, diz outro trecho da sentença.

Em nota à Agência Brasil, a defesa de Lessa afirmou que buscará instâncias superiores, já que considera que não houve crime. "Não houve uma valoração jurídica correta em relação a Ronnie. A Defesa vai às instâncias superiores para buscar a justiça completa, que é a absolvição de Ronnie, pois a conduta imputada a ele não configura crime", disse o advogado Bruno Castro, que defende o ex-PM.

Edição: Eduardo Miranda