Rio de Janeiro

VIOLÊNCIA DE ESTADO

Dois anos após morte, caso do adolescente João Pedro, em São Gonçalo, tem a primeira audiência

Jovem de 14 anos brincava dentro de casa quando foi morto em operação das polícias Civil e Federal, em 2020

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Segundo a perícia, após a invasão do quintal da casa do adolescente pela polícia, foram encontradas 72 marcas de tiros - Arquivo pessoal

Mais de dois anos após o assassinato do adolescente João Pedro Matos Pinto, no bairro do Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, na Baixada Fluminense, teve início nesta segunda-feira (5) a primeira audiência de instrução e julgamento do caso. O jovem de 14 anos foi baleado quando brincava dentro de casa, no dia 18 de maio de 2020, durante uma operação conjunta das polícias Civil e Federal.

Leia mais: Estado do RJ terá que pagar pensão à família de João Pedro, jovem morto em operação policial

Nesta tarde, sete testemunhas de acusação foram ouvidas no Fórum de São Gonçalo. Entre as testemunhas, cinco são adolescentes que estavam na casa onde o jovem foi baleado, além de dois familiares de João Pedro. O primeiro depoimento foi o da perita Maria do Carmo Gargaglione, diretora da Divisão de Evidências Digitais e Tecnologia do Ministério Público.

Houve uma manifestação ao lado de fora do Fórum, com familiares e amigos de João Pedro. Eles estavam com cartazes em que se pedia justiça na apuração do caso e na punição dos envolvidos na morte do adolescente, atingido por um tiro de fuzil. Segundo a perícia, após a invasão do quintal da casa do adolescente pela polícia, foram encontradas 72 marcas de tiros.

Em junho deste ano, a Justiça do Rio de Janeiro condenou o governo do estado a pagar uma pensão indenizatória à família de João Pedro. A decisão da justiça ocorreu a pedido da Defensoria Pública do estado (DP-RJ). Inicialmente, a investigação da morte de João Pedro foi promovida pelo Ministério Público Estadual e pelo Ministério Público Federal (MPF). Depois, por indícios de que a morte teria sido provocada por policiais civis (e não federais), o MPF deixou o caso. 

Leia também: Baixada Fluminense (RJ) registrou 361 denúncias de desaparecimentos forçados em cinco anos

A investigação estadual continua, mas está estagnada desde outubro de 2020, quando foi realizada a reprodução simulada da morte do adolescente. Em maio de 2021, a DPRJ requisitou que o MPF voltasse ao caso.

Na decisão pela indenização, ficou estipulado que o Estado deve efetuar o pagamento no valor de 2/3 do salário mínimo, a ser dividido igualmente entre a mãe e o pai, até a data em que o menor vitimado completaria 25 anos de idade. Depois disso, o Estado deverá pagar 1/3 do salário mínimo até a data em que o jovem completaria 65 anos.

Edição: Eduardo Miranda