Letalidade

Operação da PM na Penha (RJ) deixa pelo menos oito mortos; aulas foram suspensas

O alvo da operação era a prisão do traficante Chico Bento do Jacarezinho, apontado como chefe do tráfico da favela

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Moradores da Penha, no Rio de Janeiro, relatam uma manhã de terror e de “chuva de tiros” após operação que deixou 8 mortos - Reprodução/PRF

Uma operação conjunta da Polícia Militar, Polícia Federal (PF) e Polícia Rodoviária Federal (PRF) deixou pelo menos oito mortos na manhã desta sexta-feira (11), na Vila Cruzeiro, na Penha, na Zona Norte do Rio. A operação começou às 5h da manhã. 

De acordo com a PM, o principal alvo da operação era a prisão do traficante Adriano Souza de Freitas, conhecido como Chico Bento, apontado como chefe do tráfico da favela. Segundo as investigações, ele está na Vila Cruzeiro desde que o Jacarezinho foi ocupado pelo Programa Cidade Integrada, há quase um mês. Até o momento, no entanto, Chico Bento não foi encontrado.  

Até agora, o saldo é de apreensão de sete fuzis, quatro pistolas, 14 granadas e 72 kg de pasta básica de droga. 

Devido à troca de tiros intensa, pelo menos 15 escolas da rede municipal não abriram as portas e três clínicas da família suspenderam as atividades externas. A vacinação contra a covid-19 também foi suspensa. 

Nas redes sociais, em meio a vídeos e imagens de homens mortos durante a operação, moradores relatam uma manhã de terror e de “chuva de tiros”.  

“No Complexo da Penha e entorno: aulas canceladas, pessoas sem poder ir trabalhar, postos de saúde não conseguem trocar plantão… os impactos de um dia como esse deixam um rastro enorme de retrocessos na vida de uma pessoa da favela!”, afirmou em seu perfil no Twitter o ativista e empreendedor Raull Santiago. 

Letalidade no Rio de Janeiro 

A operação ocorre dias depois de uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) obrigando o governo do Rio de Janeiro a elaborar um planejamento para reduzir a letalidade policial nas operações nas favelas. O plano deve ser apresentado à Corte em até 90 dias. 

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Em seu voto, o ministro Ricardo Lewandowski afirmou que o Rio de Janeiro vive uma “violação sistemática” de direitos. “Se instalou um verdadeiro estado de coisas inconstitucional, tendo em vista a disseminação da violência das autoridades policiais e a incomum letalidade dessas ações que, de forma crescente, atingem vítimas civis, inocentes e completamente indefesas”, afirmou o ministro. 

Edição: Vivian Virissimo