Rio de Janeiro

ÓLEO E GÁS

Investimentos em saúde, meio ambiente e segurança da Petrobras seguem aquém do necessário

FUP defende que as três áreas sejam priorizadas no plano estratégico 2024/2028 da companhia

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Estudo do Dieese aponta ainda que Petrobras encerrou 2023 com total de 46,7 mil trabalhadores próprios, 45% a menos do que em 2014 - Foto: Fernando Frazão/ Agência Brasil

Os investimentos da Petrobras em projetos de segurança, meio ambiente e saúde (SMS) aumentaram no último ano. Com base no relatório de sustentabilidade da companhia, um estudo realizado pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese-subseção Federação Única dos Petroleiros –FUP) constatou que em 2023 a empresa investiu US$ 1,7 bilhão, enquanto em 2022 havia destinado US$ 1,4 bilhão para o setor. Apesar do crescimento da verba, o montante segue inferior aos US$ 2,5 bilhões observados entre 2012 e 2014. 

O levantamento do Dieese/FUP mostra que o aumento dos investimentos da Petrobras em projetos de segurança, meio ambiente e saúde no ano passado veio acompanhado pela redução no número de acidentes ambientais de vazamentos de petróleo e derivados. Em 2023, os vazamentos da empresa totalizaram 17 metros cúbicos, volume 92% abaixo dos 218 metros cúbicos registrados em 2022. 

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Apesar do avanço, a FUP entende que ainda existem falhas que precisam ser corrigidas. Na avaliação da Federação, a Petrobras deve incluir o investimento em SMS no seu planejamento estratégico 2024/2028.  

“O PE  [plano estratégico] não faz referência à SMS, apenas destaca investimentos em baixo carbono (relacionados, portanto, ao meio ambiente) de US$ 11,5 bilhões no período. O valor está bem acima dos US$ 4,4 bilhões previstos no PE anterior, elaborado no governo passado”, destaca nota da FUP.

Trabalhadores

Ainda segundo o estudo do Dieese, a Petrobras encerrou 2023 com total de 46,7 mil trabalhadores próprios, o que significa queda de 45% na comparação com 86,1 mil trabalhadores próprios em 2014. Para o autor do levantamento, Cloviomar Cararine, a brusca queda ao longo dos últimos nove anos, está relacionada com a diretriz política adotada pelos governos passados para a empresa.

“O forte declínio no contingente de pessoal é reflexo da redução de investimentos da empresa, da venda de ativos, do maior enfoque no retorno financeiro aos acionistas e da concentração das atividades em Exploração e Produção (E&P) em detrimento de outras”, avalia o economista. 

O Relatório Anual de Segurança Operacional, da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP), também mostra preocupação com acidentes e incidentes ocorridos nas unidades offshore no Brasil, em 2022, últimos dados disponíveis. O documento atribui a redução dos investimentos da Petrobras e de outras petroleiras ao crescimento das taxas de sinistros.

O relatório da ANP revela a ocorrência de 1.509 incidentes offshore em 2022, em plataformas de produção e em poços marítimos. Nas plataformas de produção, as maiores ocorrências foram queda de objetos, princípio de incêndio, descarga menor de óleo, interrupção não programada superior a 24 horas decorrente de incidente operacional e ferimento com afastamento por mais de três dias.


*Com informações da FUP.
 

Edição: Jaqueline Deister