Rio Grande do Sul

MEIO AMBIENTE

Décimo segundo Fórum Internacional de Meio Ambiente encerra com divulgação de carta de alerta

Documento denuncia grave crise ambiental e conclama engajamento para frear a ameaça à vida na Terra

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Jornalista e consultora socioambiental Silvia Marcuzzo foi uma das palestrantes na mesa de debates "Água e Energias Renováveis" - Foto: Jorge Leão

O 12º Fórum Internacional de Meio Ambiente (Fima) encerrou nesta quarta-feira (13) com a apresentação de uma carta aberta que faz um alerta para "a grave crise ambiental que já ameaça a própria vida na Terra" e conclama para que governantes e popuçação se engagem "na defesa da água, do ar e de práticas saudáveis, com menos consumismo predatório, mais cuidado com a saúde, atenção aos povos originários e consciência coletiva sobre os destinos da humanidade.

:: O drama do povo Yanomami foi tema da abertura do 12º Fórum Internacional do Meio Ambiente ::

O evento foi aberto na noite de terça-feira (12) com o relato do líder da etnia Yanomami Júnior Hekurari sobre o drama vivido pelo seu povo. Ele denunciou que seu povo está sendo eliminado por doenças como a malária e outras, e intoxicação por mercúrio, provocada por invasões de garimpeiros que destroem e poluem a floresta da qual eles garantem sua sobrevivência.

Hekurari foi apresentado pelo presidente da Associação Riograndense de Imprensa (ARI), José Nunes que, na sua fala, lembrou importância da imprensa na divulgação da realidade indígena no país.


Junior Hekurari denuncia situação de seu povo / Foto: Jorge Leão

Água e Energias Renováveis

O último dia de debates teve como tema principal “Água e Energias Renováveis”, com a participação das jornalistas Geórgia Santos, Eliege Fante, Debora Gallas e Silvia Marcuzzo. A mediação foi da professora Ilza Girardi, que coordena o Grupo de Pesquisa em Jornalismo Ambiental vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Ufrgs.

Pela manhã, o professor Jorge Picanço de Figueiredo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), falou sobre os diferentes tipos de energias renováveis e até que ponto são realmente viáveis. A presidente do Sindicato da Indústria de Energias Renováveis do Rio Grande do Sul (Sindienergia-RS), Daniela Cardeal, apresentou informações sobre a diversificação dos modos de produção de energia no Rio Grande do Sul. Também participaram o professor Darci Campani, da Ufrgs, Fabiani Vitti, da Fepam, e Nelson Ferreira Fontoura, diretor do Instituto de Meio Ambiente da PUCRS.

À tarde, a gerente de Sustentabilidade da empresa CMPC/Brasil, Ana Paula Pulito, falou sobre “Estratégias da CMPC para ser líder global em sustentabilidade no setor de celulose e papel”. Após, o jornalista Rodrigo Lopes discorreu sobre a cobertura que fez da COP 28.

Na mesa dirigida pelo ambientalista Heverton Lacerda, a jornalista Carla Gaudensi, líder dos periodistas na Argentina, falou sobre o governo Milei e o meio ambiente. Na sequência da programação, participaram do painel “A visão das ONGs sobre Energias Renováveis” o professor Paulo Brack, coordenador da entidade InGá; o ambientalista Francisco Milanez; Lúcia Ortiz, dos Amigos da Terra Internacional; e Ligia Miranda, da ONG Toda Vida. A mediação foi de João Batista Santafé Aguiar, diretor de meio ambiente da ARI e editor do site agirazul.com.

Ao final do fórum, a vice-presidente do Conselho Deliberativo da ARI, Jurema Josefa, fez a leitura da Carta do Fima 2024. Confira a carta na íntegra:

12º FÓRUM INTERNACIONAL DO MEIO AMBIENTE

Carta de Alerta

No encerramento do 12º Fórum Internacional do Meio Ambiente FIMA, a Associação Riograndense de Imprensa, apresenta esta Carta Aberta à população gaúcha e brasileira com as seguintes considerações:

1) Como ficou evidenciado ao longo dos debates, as mudanças climáticas e seus efeitos danosos vêm causando sofrimentos e destruições em todo o mundo, incidindo com frequência cada vez maior em algumas regiões de nosso país.

2) Em consequência, a água, a energia elétrica e outros valores essenciais à vida estão se tornando escassos e difíceis de serem administrados satisfatoriamente.

3) Por tais razões, o tema escolhido para o 12º FIMA – “Águas e Energias Renováveis” – não apenas contempla a preocupação de lideranças ambientalistas como também se transforma numa demanda urgente e permanente das populações aos governantes e administradores públicos.

4) Outro ponto evidenciado no fórum, com a participação especial do líder indígena Yanomami, Junior Hekurari, foi o pedido de socorro dos povos originários da Amazônia, que continuam sendo explorados e dizimados pela ganância criminosa do garimpo ilegal.

5) Destaca-se ainda, do debate realizado nos dias 12 e 13 do corrente mês – com apoio de parceiros de diversas áreas de preservação ambiental, empresas públicas e privadas que atuam no setor de energia e água, entre outras – a preocupação dos ambientalistas com a insuficiência de informações corretas sobre temas essenciais para a sobrevivência humana e animal, como a preservação de cursos de água, banhados e mananciais hídricos, a destinação adequada do lixo com apoio às comunidades de recicladores, a produção de hidrogênio verde e de fontes renováveis de energia e o descompromisso de governos, lideranças políticas e empresas com as boas práticas ambientais.

EM CONCLUSÃO: com esta Carta, a Associação Riograndense de Imprensa alerta para a grave crise ambiental que já ameaça a própria vida na Terra, ao mesmo tempo em que conclama governantes e cidadãos brasileiros a se engajar na defesa da água, do ar e de práticas saudáveis, com menos consumismo predatório, mais cuidado com a saúde, atenção aos povos originários e consciência coletiva sobre os destinos da humanidade.


Edição: Marcelo Ferreira