Rio Grande do Sul

DISCURSO DE ÓDIO

Comentaristas de rádio e TV no Sul defendem extermínio do povo palestino

Comentaristas de programas da rádio Band Porto Alegre e da TV Pampa defenderam no ar a dizimação do povo palestino

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Mais de duas mil pessoas participaram neste domingo, 22, na Praça da Paz em Foz do Iguaçu, de ato pelo fim do massacre dos palestinos mortos na Faixa de Gaza e na Cisjordânia no Oriente Médio - Divulgação

A comentarista Deborah Srour, da rádio Band Porto Alegre, e a âncora Ali Klemt, do programa Atualidades Pampa, da TV Pampa, também da capital gaúcha, defenderam no ar a dizimação do povo palestino.

Srour chamou os palestinos de “animais” - mesmo termo empregado pelo ministro de Defesa de Israel, Yoav Gallant - e pregou que “não há civis inocentes do lado de Gaza”. Klemt disse não haver outra forma “a não ser realmente dizimando uma população que acha que matar assim aleatoriamente tá tudo certo”.

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As duas manifestações foram reveladas pelo site de notícias Matinal, também de Porto Alegre.

Srour, que vive em Nova York, fez dois comentários na rádio a respeito. No primeiro, há 10 dias, valeu-se do espaço que ocupa no programa Hora Israelita e propôs que o exército de Israel fosse “mortífero” em Gaza sem respeitar qualquer proporcionalidade.

“Israel tem que lidar com eles como animais”

“Não há civis inocentes do lado de Gaza”, declarou na Band RS. “Se eles se comportam como animais, então Israel tem de lidar com eles como animais”, alegou.

Depois, no dia 22, entrando no programa desde Jerusalém, assegurou ter “muito mais direito a essa terra, onde os avós dos meus avós estão enterrados, e os avós deles, do que árabes que saíram da Arábia e do Egito, e se mudaram para cá no último século”. Na sua opinião, existiria um “ódio mortal” dos árabes aos judeus alimentado “desde o berço” com uma “sede de sangue insaciável”.

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Em vídeo postado no Facebook, Srour explicou que tudo o que diz é de sua responsabilidade e não da Hora Israelita ou da emissora que transmite o programa. Disse que ser “sionista” é “uma medalha de honra” e que suas palavras foram tiradas do contexto.  

“Expressei minha opinião como qualquer pessoa normal de que Israel deveria exterminá-los”, declarou logo após citar os atos praticados pelo Hamas contra civis no dia 7 passado.

Vídeo de Bolsonaro e louvação a Trump

No seu Facebook, Srour já postou vídeo do ex-presidente Jair Bolsonaro e, quando Donald Trump terminou o mandato, escreveu que “o maior presidente dos EUA acabou de deixar a Casa Branca”. Também tachou de “hipócrita” a cantora pop Lady Gaga que criticara Trump por viver falando “em agarrar mulheres”.

No dia do ataque do Hamas, Srour postou vídeo da “querida Bia Kicis”. A deputada bolsonarista apareceu no santuário de Fátima empunhando duas velas, uma para Israel e outra para o Brasil. A do Brasil, anunciou, seria “para acabar com a tirania, esse mal, esse desgoverno de esquerda comunista”.

Boletim de ocorrência

A fala de Klemt na TV Pampa rendeu-lhe uma denúncia junto à Delegacia de Combate à Intolerância. De acordo com Matinal, a estudante e filha de imigrantes libaneses, Muna El Kadri, registrou boletim de ocorrência sobre o seu discurso, reparando que incitaria o preconceito e a violência contra o povo árabe.

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Indagada por Matinal, a Federação Israelita /RS, uma das patrocinadoras do programa do qual Srour participa, esquivou-se do tema, garantindo não responder pelo conteúdo da Hora Israelita.
A Band Porto Alegre ponderou que a opinião de Srour não está de acordo com a postura editorial da rádio. Também alegou que a Hora Israelita é terceirizada, quer dizer, o horário é alugado pela emissora.

Brasil de Fato RS procurou via email a Federação Israelita/RS, a Band Porto Alegre e a TV Pampa. Até o momento em que foi fechada esta edição não havia nenhum retorno.


Edição: Katia Marko