Distrito Federal

Na contramão

Pesquisa do Dieese: preço da cesta básica caí em todo país, mas continua alta no DF

Economista Mariel Angeli explica razões para alimentos serem mais caros na capital e aponta solução

Brasil de Fato | Brasília (DF)  |
Cesta básica no DF é a 6ª mais cara do Brasil - Agência Brasil

A Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), revelou que em agosto houve redução de preço em 16 das 17 capitais brasileiras analisadas e apenas em Brasília houve um aumento.

A cesta básica da capital federal teve um aumento de 0,35% em agosto e ficou em R$ 689,98, sendo a sexta mais cara - atrás de Porto Alegre (RS), São Paulo (SP), Florianópolis (SC), Rio de Janeiro (RJ) e Campo Grande (MS). 

A partir desta situação a CUT-DF realizou um debate virtual na noite desta quinta-feira (15), com o presidente da Central, Rodrigo Rodrigues, e a economista Mariel Angeli, técnica do Dieese. Na ocasião, eles debateram sobre diversos aspectos da formação do preço da cesta básica do DF, que é uma das mais caras do país, bem como os dados da última pesquisa, no qual apenas Brasília não registrou redução no preço dos alimentos. 

“A situação econômica para os trabalhadores aqui do DF é muito complexa, porque trata-se de um lugar com um tipo de ocupação que é muito diferente das demais capitais do Brasil”, destacou Mariel.

Segundo ela, o DF tem uma disparidade de renda muito grande, com milhares de servidores públicos com melhores salários e outra parte da população com trabalhos na iniciativa privada formal ou informal com remuneração muito baixa.

“Os custos aqui são muito mais elevados que na maior parte das capitais”, disse a economista do Dieese para explicar a posição de Brasília com uma das cestas básicas mais caras do Brasil.

Rodrigo Rodrigues lembrou que apesar do aumento do salário mínimo real (acima da inflação) neste ano, a cesta básica do DF em R$ 689,98 representa mais da metade desse valor.

“Esse é o valor que o trabalhador ou a trabalhadora precisa para fazer a alimentação básica. Então, isso é muito discrepante e tem um impacto muito grande na vida do trabalhador”, analisou Rodrigues, que também lembrou que este valor é estimado para a alimentação de uma pessoa, mas a maior parte das famílias são maiores.


CUT-DF promove debate virtual com economista Mariel Angeli / CUT/Divulgação

Definição dos alimentos 

De acordo com a economista Mariel Angeli a definição dos alimentos da cesta básica leva em consideração diversos estudos e a legislação brasileira. “A definição da cesta básica vem do decreto da criação do salário mínimo”, explicou, acrescentando que: “tem escrito [no decreto] que o salário mínimo tem que ser suficiente para lidar com as necessidades, dentre outras, da alimentação dos trabalhadores".

A cesta básica pesquisada pelo Dieese considera 13 produtos: banana, tomate, arroz agulhinha, pão francês, feijão carioquinha, farinha de trigo, leite integral, carne bovina de primeira, batata, óleo de soja, café em pó, açúcar refinado e manteiga. Dentre esses produtos chama atenção a alta, ao longo de 12 meses no DF, dos preços da batata (14,81%) e do tomate (71,80%)

Agricultura Familiar

De acordo com Mariel Angeli, é importante investir na agricultura familiar como estratégia para redução do preço de alguns alimentos da cesta básica no DF, sobretudo porque a cidade tem posição geográfica que encarece a logística. “Temos um cinturão verde. Temos uma produção local, principalmente de Brazlândia que atende a economia local e diminui preços que seriam muito mais elevados”, observou a economista.

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Edição: Márcia Silva