Rio Grande do Sul

VIOLÊNCIA POLICIAL

'Parem de nos matar': articulação negra convoca ato em Porto Alegre contra o racismo e a violência policial

O protesto vai acontecer nesta quinta-feira (24) e faz parte da Jornada Nacional de Luta Pelas Vidas Negras

Brasil de Fato | Porto Alegre |
A data escolhida marca o aniversário de morte do advogado, jornalista e abolicionista negro Luiz Gama - Foto: Agência Brasil

A capital gaúcha será palco de ato contra as chacinas, mortes e execuções que ocorrem sob a anuência do Estado em todo o país. A mobilização, marcada para esta quinta-feira (24), às 17h30, na Esquina Democrática, faz parte da Jornada Nacional de Luta Pelas Vidas Negras. A data escolhida marca o aniversário de morte do advogado, jornalista e abolicionista negro Luiz Gama.

O ato está sendo organizado por representantes da Coalizão Negra por Direitos, do Movimento Negro Unificado (MNU), Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde (Renafro), da União de Negros pela Igualdade (Unegro) e do Fórum Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional dos Povos Tradicionais de Matriz Africana (Fonsanpotma).

:: Movimentos negros convocam ato nacional nesta quinta (24), em meio a aumento de chacinas policiais ::

Dados da violência no Estado

Uma pesquisa realizada pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) aponta que o racismo estrutural marca a ação de agentes da Segurança Pública. Após um levantamento sobre a abordagem policial em seis territórios da Região Metropolitana de Porto Alegre, esta identificou que ser negro, jovem e ter tatuagem são as três principais características que levam uma pessoa a ser considerada suspeita.

A pesquisa faz parte do trabalho de assistência técnica internacional que o escritório da UNODC no Brasil realizou junto com o governo do estado, entre novembro de 2015 e fevereiro de 2023, para acompanhar o que se denomina como “integridade do uso da força”.

Nos últimos 10 anos, o Rio Grande do Sul é um dos estados do país que mais aumentou os índices de mortalidade juvenil. Os dados foram levantados após um mapeamento realizado pelo Grupo de Estudos em Juventudes e Políticas Públicas - Gejup, vinculado ao Programa de Pós-graduação em Política Social e Serviço da Ufrgs em parceria com a Frente de Enfrentamento à Mortalidade Juvenil (Femjuv RS). Na capital gaúcha os territórios que mais concentram os índices de mortalidade juvenil são Restinga, Lomba do Pinheiro e Sarandi, nos anos de 2015 até 2019.

:: “O Estado mínimo mata e isso que os dados da pesquisa demonstram”, afirma Giovane Scherer ::

Uma das iniciativas que pode contribuir para reduzir a letalidade policial é o uso de câmeras corporais instaladas nos uniformes de policiais militares e civis gaúchos. O governo do estado revogou em abril deste ano o processo da licitação que estava em andamento para compra dos equipamentos devido à necessidade de ajuste nas especificações. 


Ato é organizado por representantes dos movimentos negros gaúchos contra a violência policial e de Estado. / Foto: Divulgação


Edição: Katia Marko