Pernambuco

REFORMA AGRÁRIA

Ocupações do MST no Abril Vermelho devem se tornar referência na produção de alimento saudável

Em Pernambuco, cerca de 2.280 famílias ocuparam oito áreas improdutivas em todas as regiões do estado

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Abril de Lutas: MST ocupou 8 latifúndios improdutivos em PE no último final de semana - Comunicação MST-PE

Há 27 anos, abril de 1996, militantes do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST) foram brutalmente assassinados durante uma marcha pacífica em Eldorado dos Carajás, no Pará. Em memória às vítimas e em defesa da reforma agrária, o MST realiza durante o mês de abril centenas de ocupações que celebram a luta do movimento.

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As ações fazem parte da Jornada Nacional de Luta em Defesa da Reforma Agrária do MST, que neste ano tem como tema "Contra a fome e a escravidão: por terra, democracia e meio ambiente". Neste ano, a jornada de lutas teve seu pontapé em Pernambuco, quando, em 3 de abril, 200 famílias ocuparam uma área do Engenho Cumbe, pertencente ao Governo do Estado desde 2012, no município de Timbaúba, na Zona da Mata. Confira:

Outras sete ocupações de latifúndios aconteceram nos municípios de Jaboatão dos Guararapes, Tacaimbó, Caruaru, Glória do Goitá, Ipojuca, Goiana e Petrolina, cidades espalhadas pelo sertão, agreste e litoral do estado.

No município de Glória do Goitá, na zona da mata, cerca de 200 famílias ocuparam uma área improdutiva. As famílias realizaram a ocupação com o objetivo de combater a fome, a pobreza e a miséria no país, conforme explicado por Samuel Drummond, dirigente regional do MST. "A ideia é tornar essa área uma referência na produção de alimentos saudáveis com preços justos, abastecendo as cidades de Glória, Feira Nova, Vitória de Santo Antão e regiões próximas. Além disso, a iniciativa busca diminuir a concentração de terras na região e contribuir para a solução da situação de miséria e pobreza".

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As ações envolvem 2.280 famílias que, de acordo com o MST, ocuparam áreas que não cumprem o dever constitucional de dar função social à terra.


As ocupações fazem parte da Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária 2023, que marca o calendário de ações do movimento neste mês. / Comunicação MST-PE

O acampamento é um método utilizado por diversos movimentos populares como forma de resistência e luta pelos seus direitos. São espaços que buscam criar uma forma de organização social, econômica e política. Neles, diversas atividades são realizadas diariamente com o objetivo de educar, formar, produzir e debater questões importantes para o movimento.

A proposta do movimento para o acampamento em Glória do Goitá é estabelecer um acampamento pedagógico que sirva como modelo e conte com a participação de todo o movimento. "No âmbito educacional, o plano é criar uma escola, promover a alfabetização e realizar debates sobre questões de gênero em um ambiente livre de machismo. Além disso, a ideia é avançar na produção de alimentos com a implementação das práticas de agroecologia e agrofloresta, tornando a área altamente produtiva e capaz de oferecer formação aos seus membros", afirmou Samuel.

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No último dia 17, o MST participou de uma sessão solene na Assembleia Legislativa de Pernambuco (ALEPE) em comemoração ao Dia Nacional e Estadual da Reforma Agrária. Na celebração, o assentamento Normandia, de Caruaru, recebeu uma honraria das mãos da deputada estadual Rosa Amorim (PT), que é militante do movimento.


Sessão Solene em celebração ao Dia Nacional e Estadual da Reforma Agrária, na Alepe, relembrou a importância da luta do MST. / Brasil de Fato/Rodolfo Rodrigo

O evento contou com a participação de militantes e amigos do movimento. Rosa Amorim ressalta que as ocupações tem respaldo na legislação "A luta pela terra é uma luta que está contida na constituição federal e as terras que não são produtivas ou que não cumprem a sua função social elas devem ser destinadas a luta pela terra. Por isso que a luta do Movimento Sem Terra é tão justa, reconhecida no mundo todo, porque nós, mais do que tudo, lutamos pela democratização do acesso à terra, lutamos por direito", conclui.

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Edição: Vanessa Gonzaga