Rio de Janeiro

TEATRO

Espetáculo resgata história de Maria Felipa e questiona a independência do Brasil

Peça combina teatro, palhaçaria e cordel e é inspirada no livro “Dicionário da Independência” de Eduardo Bueno

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Elenco se inspira nos artistas mambembes e recitadores de notícias para reviverem a tradição dos antigos leitores de jornais - Foto: Guilherme Fernandes

Uma mistura de teatro, palhaçaria e cordel. Essa é a proposta do espetáculo “Felipa e Titila: Rumo à Independência” que acontece gratuitamente no Cais do Valongo, na zona portuária do Rio de Janeiro, no sábado (11) e no domingo (12) às 17h.

A peça é inspirada no livro “Dicionário da Independência” do escritor e jornalista Eduardo Bueno. A montagem começa com a história de Maria Felipa de Oliveira, ex-escravizada, liberta, pescadora e marisqueira que, em 1823, lutou pela independência do Brasil na ilha de Itaparica, na Bahia.

A partir dela, o cortejo teatral se desdobra para abraçar todas as mulheres negras, mães e guerreiras que estão nas trincheiras lutando por justiça social em um Brasil ainda marcado pelo racismo.

“Se você tira a figura da mulher preta do nosso país, o país para, pois é ela quem está na base constantemente lutando, trabalhando, cuidando de suas próprias crianças e também das crianças brancas dos patrões, então, Independência para quem?” É a pergunta motora feita pelo ator Roberto Rodrigues, integrante e idealizador do projeto Transmutante.

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Dividida em três atos, chegança, batalha e a festança, a história será conduzida pela personagem Felipa, que, por meio da comicidade, poesia e música, abordará as lutas dessas mulheres negras, homenageando nomes importantes, como o de Marielle Franco, Conceição Evaristo, Beatriz Nascimento e Audre Lorde.

O elenco, formado também por Sara Hana, Dani Câmara, Lucas Moreiras e Matheus Rebelo, se inspira nos artistas mambembes e recitadores de notícias para reviverem a tradição dos antigos leitores de jornais. Durante o reinado de D. João VI, esses profissionais divulgavam as manchetes em praças públicas e teatros, levando informação ao povo brasileiro que, na época, era predominantemente analfabeto. Para esse resgate, os artistas buscam uma abordagem decolonial e repleta de provocações.

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O projeto conta com patrocínio do governo do estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através do Edital Retomada Cultural RJ 2.

Serviço:

“Felipa e Titila: Rumo à Independência”

Quando?  11 e 12 de fevereiro, às 17h

Onde? Cais do Valongo (ar livre)

Ingresso: gratuito

Duração: 40 minutos

Faixa etária: livre
 

Edição: Jaqueline Deister