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violência

Baixada Fluminense tem 77 cemitérios clandestinos, aponta levantamento do IDMJ

"Áreas de desova" são usadas por milícias, grupos de extermínio e facções criminosas para descartar cadáveres

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Polícias do Rio encontraram 12.140 corpos entre 2003 e setembro de 2022
Polícias do Rio encontraram 12.140 corpos entre 2003 e setembro de 2022 - Agência Brasil

A Baixada Fluminense tem 77 cemitérios clandestinos, segundo um levantamento produzido pela Iniciativa de Direito à Memória e Justiça Racial (IDMJR). Os locais, conhecidos como "áreas de desova", são usados por milícias, grupos de extermínio e facções criminosas para descartar cadáveres. 

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No Brasil, não há tipificação para o crime de desaparecimento forçado. A prática é utilizada como demonstração de poder e terror, que não deixa rastro de evidência dos assassinatos, dificultando a denúncia e a busca pelos corpos.

Segundo a pesquisa, cerca de 17% dos cadáveres encontrados no estado são registrados em municípios da Baixada. Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) revelam que as polícias do Rio encontraram 12.140 corpos entre 2003 e setembro de 2022.

O mapeamento das regiões mostra que apenas em Nova Iguaçu estão 32% do total de cemitérios clandestinos. Outros 16% ficam em Belford Roxo, e 10% em Duque de Caxias. Além de cemitérios em terrenos baldios, e até linhas férreas, 11 pontos dos rios Sarapuí, Guandu e Botas foram identificados como locais de desova.

A pesquisa contou com a participação de moradores da Baixada Fluminense e reuniu informações de redes sociais de diferentes territórios. Relatos anônimos de moradores afirmam que as execuções e a exposição de partes do corpo em locais públicos têm sido utilizadas como método de impor medo na população.

"O Estado deve ser responsabilizado por esse tipo de violação e garantir a reparação econômica e psicossocial para as vítimas e familiares", conclui a pesquisa. 

 

Edição: Clívia Mesquita