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Meio ambiente

Cemitério de navios na Baía de Guanabara se torna tema de audiência pública na Alerj

O Brasil de Fato publicou uma reportagem após o acidente do navio na ponte Rio-Niterói denunciando a situação

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Há um "cemitério" de mais de aproximadamente 250 embarcações na Baía da Guanabara, segundo levantamento de 2002 - Tânia Rego/ Agência Brasil

Os impactos causados pelas dezenas de navios abandonados e fundeados na Baía de Guanabara são o assunto da audiência pública que a Comissão de Saneamento Ambiental, da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), que está em andamento nesta quarta-feira (30). 

O tema veio à tona no noticiário nacional após o navio São Luiz colidir com a Ponte Rio-Niterói, ocasionando um tremor momentâneo na via, no último dia 14. O acidente fechou a Ponte por mais de três horas para a avaliação da estrutura por engenheiros. 

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A Marinha, que investiga o caso com o navio São Luiz, informou que a embarcação está abandonada na Baía desde 2016.

 “O preocupante episódio felizmente não causou nenhuma fatalidade, mas não podemos permitir que aconteça novamente. O canal de São Francisco hoje é ‘cemitério’ de embarcações abandonadas e precisamos ter clareza do que está sendo feito para que essa questão seja resolvida”, disse a deputada Lucinha (PSD), presidente da comissão.

A audiência tem a participação do secretário estadual do Ambiente e Sustentabilidade, José Ricardo Brito, e do presidente do Instituto Estadual do Ambiente (INEA), Philipe Campello da Silva. Também estão presentes representantes do Ibama, dos Ministérios Públicos estadual, federal e do trabalho, da Defensoria Pública, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidade de Niterói, da EcoPonte, da Capitania dos Portos, da Companhia Docas do Rio.

Além de representantes da Fundação Instituto de Pesca do Estado do Rio (Fiperj), da Federação de Pescadores do Estado do RIo (Feperj), da Colônia de Pescadores Z-10, do Instituto Internacional Arayara, do Movimento Baía Viva, do Instituto Alberto Luiz Coimbra de pós-graduação e pesquisa de engenharia da Universidade Federal do Rio (UFRJ), da Confrem Brasil, do Comitê de Bacia Hidrográfica da Baía de Guanabara e da Comissão Estadual de Desenvolvimento da Economia do Mar (CEDEMar).

Riscos para Baía

O Brasil de Fato publicou uma reportagem após o acidente apontando a denúncia do ambientalista Sérgio Ricardo Potiguara, cofundador da organização não-governamental Baía Viva, que vem tratando há anos os problemas de poluição na Baía de Guanabara. 

Segundo Ricardo, há um "cemitério" de mais de aproximadamente 250 embarcações na Baía da Guanabara, segundo levantamento de 2002, com grande risco de vazamento de óleo, de outras substâncias químicas e metais pesados oriundos, que apodrecem no fundo da Baía ou que encontram-se ancoradas no espelho d’água de forma precária e insegura.

Além dos riscos para a vida marítima da Baía de Guanabara por ocorrências como derramamento de óleo, já que entre 30% e 40% das embarcações que estão afundadas são de madeira, há impactos consideráveis para a navegação. Segundo Sérgio Ricardo disse ao Brasil de Fato, o constante processo de açoreamento provoca acidentes.

"Aquela região está cada vez mais rasa e há risco de uma embarcação se chocar com uma ponta de ferro de um barco abandonado e afundar", explica o ambientalista, se referindo ao Canal de São Lourenço, que está próximo da Ilha da Conceição, em Niterói.

Ainda de acorco com o ambientalista, há grandes prejuízos para pescadores que se sustentam da pesca na região e em outros locais, como Ponta d'Areia e Barreto e Ponta d'Areia, bairros que compreendem os dois lados da Ponte na chegada à Niterói.

Edição: Mariana Pitasse