Pernambuco

SAMBA

Grupo "Samba Se Ata" reivindica a valorização das mulheres sambistas

O que começou como um grupo de estudos das integrantes, se tornou uma forma de destacar a presença das mulheres no samba

Brasil de Fato | Recife (PE) |
O Grupo Samba Se Ata é de João Pessoa, na Paraíba, - Foto: Arquivo Pessoal

O Samba Se Ata é um grupo formado por sete mulheres instrumentistas que compartilham do mesmo amor pelo samba e da constante indignação causada pela ausência de mulheres nas rodas enquanto protagonistas da musicalidade. Fundado em 2016, o antigo Tia Ciata Samba Clube, iniciou numa reunião de amigas de vários lugares do país que escolheram João Pessoa, na Paraíba, como morada. Assista: 

O grupo que agora se chama Samba Se Ata tinha esse nome em homenagem à sambista e mãe de santo brasileira, Tia Ciata, como explica a instrumentista e integrante do grupo, Suzany Silva. “Em 2020, a gente amadureceu essa ideia de estar mesmo ocupando a cena, fazendo essa história de contar, rememorar e reverenciar as matriarcas, as mulheres negras que foram invisibilizadas. É aí que a gente muda o nosso nome como “Samba Se Ata” mantendo essa referência e homenagem a Tia Ciata, mas reafirmando que não se samba só, como diz uma das nossas músicas”, afirma.

O podcast

No ano passado, com o propósito de enaltecer a memória e relevância que as mulheres de samba detém no segmento da música/ trazendo a valorização feminina no samba, o grupo de samba criou o podcast chamado Quiçambas Memoráveis das Mulheres Compositoras, que começou pela curiosidade das integrantes do grupo e se tornou um projeto pela Lei Aldir Blanc, como destaca a instrumentista Letícia Carvalho.

Leia: Bolsonaro tenta dizer que Lula mente e é desmentido ao vivo em podcast

“A gente começou com esses encontros semanais entre nós. Uma pesquisava uma sambista ou compositora, ou as duas coisas porque elas eram tudo ao mesmo tempo, e a gente trazia no final de semana o que a gente tinha descoberto sobre a vida delas e escutava juntas também. Então, através da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc, a gente conseguiu fazer essa primeira edição, cada uma de nós escreveu um texto e foi atrás dessas composições e a gente conseguiu aprofundar na história dessas mulheres”, destaca.

Leia: Filha de Beth Carvalho processa ministro de Bolsonaro por uso indevido de samba em palanque

A primeira edição do podcast teve cinco episódios com temas sobre rodas de samba, as precursoras do ritmo e a sua relação com a política e as mulheres. Agora em 2022, o grupo deu continuidade ao projeto lançando a segunda edição do podcast com três episódios que abordam a história e trabalho de mulheres que marcaram a história do samba no Brasil, como Alcione e Elza Soares, mas que sofreram apagamento por seu gênero.

Leia: Praça Mauá tem show de grupo de samba feminino e feminista nesta sexta-feira

Para a instrumentista Jad Santos conseguir esse espaço na música é desafiador. “Pra gente tem sido um desafio tanto por termos, cada uma ter suas funções, a gente não ser do meio artístico em si, não sempre ter tido isso como profissão, está sendo uma descoberta tanto por esse aspecto, mas também pela questão de sermos mulheres, lidarmos com nossas questões que são muitas e estar nesse lugar no palco, de ocupar esse lugar de estar cantando e se expondo, criando o samba e interpretando é de fato desafiador e tem sido bem recebido graças às deusas", aponta.

Saiba mais

Para conferir o trabalho do “Samba Se Ata” e ouvir todos os episódios do podcast Quiçambas Memoráveis das Mulheres Compositoras, acesse o Instagram e as plataformas de áudio.  

Edição: Vanessa Gonzaga