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Vasco no Brasileirão Série B: queda de rendimento ou choque de realidade?

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O Vasco vem de oito derrotas seguidas em jogos realizados fora de casa e sofreu 17 gols nas últimas doze partidas - Daniel Ramalho / CRVG
Após 31 rodadas, o Vasco está com 48 pontos e faz campanha muito parecida com a do ano passado

*Luiz Ferreira

Os amigos vascaínos que me perdoem, mas está cada vez mais difícil entender qual é a do Vasco nesse Brasileirão Série B. É verdade que o time não saiu do G4 em nenhum momento da competição e só depende das próprias forças para carimbar o acesso para a Série A. No entanto, há quem diga que esse é exatamente o grande problema. E a verdade, meus amigos, é que o Vasco inspirou pouquíssima confiança nessa temporada.

É lógico que a situação do Trem Bala da Colina está muito longe de ser desesperadora, mas não deixa de ser preocupante. E as últimas atuações do escrete agora comandado por Jorginho não deixam este colunista mentir. Por mais que as derrotas para Grêmio e Cruzeiro fossem sim resultados ainda que esperados, o que chamou a atenção foi a maneira como o Vasco sofreu estas derrotas. Principalmente na partida disputado nesta última quarta-feira (21), contra a Raposa.

O que se viu no Mineirão foi um time que se mostrou completamente entregue e desorganizado em campo. E impressionava a facilidade com que o escrete comandado por Paulo Pezzolano encontrava espaços na defesa vascaína. Não é a questão de falar em esquemas táticos ou estratégias de jogo. O grande problema foi a postura do Trem Bala da Colina diante de um adversário que tinha um cenário completamente favorável. Não sei se faltou inteligência ou uma boa dose de prudência. Mas estava claro que todos os jogadores entraram em campo completamente desconcentrados. E isso costuma ser fatal numa reta final de Série B. Ainda mais com tantos jogos importantes. Cada ponto conta demais nesse momento.

Apesar de ter as minhas ressalvas, não coloco a culpa pelos últimos resultados na conta do técnico Jorginho. A derrota para o Cruzeiro foi apenas o seu terceiro jogo no comando do Vasco e ele acabou herdando um grupo cheio de vícios e que tem necessidade urgente de reforços em todos os setores.

Ao mesmo tempo, não é difícil concluir que resultados como a goleada sobre o Náutico só aconteceram porque o time conseguiu uma penalidade depois de sofrer demais com os avanços do adversário jogando dentro de casa. E vamos combinar que ficou muito mais fácil controlar as coisas dentro de campo com a vantagem no placar e o apoio da torcida.

É óbvio que o Vasco está aonde está por méritos próprios e por ter aproveitado melhor as chances que teve para pontuar e ganhar uma “gordurinha” na briga pelo acesso no primeiro turno da Série B. O time tinha uma certa consistência defensiva nos tempos de Zé Ricardo, mas acabou perdendo força com o passar do tempo e as trocas no comando técnico. O erro na escolha de Maurício Souza, a insistência com Emílio Faro e a demora para se definir um nome estão cobrando seu preço justo na reta final da temporada.

A realidade, meus amigos, é dura e implacável.

Os números falam por si só. O Vasco vem de oito derrotas seguidas em jogos realizados fora de casa e sofreu 17 gols nas últimas doze partidas. Após 31 rodadas na Série B de 2022, o time está com 48 pontos e faz campanha muito parecida com a do ano passado, quando não conseguiu o acesso. A única diferença (além, é claro, da chegada da 777 Partners e dos jogadores que chegaram ao longo do ano) é a posição na tabela.

Repito: a situação (ainda) não é desesperadora. Mas ela inspira cuidados e uma mudança de postura urgente. Ainda mais com o Londrina literalmente “fungando no cangote” do Trem Bala da Colina. Há sim como se enxergar uma queda de rendimento no time do Vasco, mas as últimas atuações apontam para um “choque de realidade”.

A “gordura” acabou e o desempenho não é mais o mesmo. E a necessidade de acordar para a vida ficou escancarada. Ainda mais com os adversários na briga pelo acesso pontuando e competindo em todos os lances.

A tal queda de rendimento não deixa de ser um choque de realidade. O time do Vasco tem sim qualidade suficiente para sair dessa sem depender de ninguém. Mas brincar com a sorte numa reta final de Série B é abusar da paciência de todos os anjos da guarda.

Depois não reclamem que a nau está à deriva.

*Luiz Ferreira escreve toda semana para a coluna Papo Esportivo do Brasil de Fato RJ sobre os bastidores do mundo dos atletas, das competições e dos principais clubes de futebol. Luiz é produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista e grande amante de esportes.

**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Mariana Pitasse