Rio de Janeiro

Coluna

Apenas desfrutem desse Flamengo finalista da Libertadores

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O Flamengo venceu o Vélez Sarsfield com 6 a 1 no agregado e se garantiu na sua terceira final de Libertadores em quatro anos - Marcelo Cortes / Flamengo
Curtir equipes como o Flamengo finalista da Libertadores se transformou em crime hediondo

*Luiz Ferreira

O mundo anda tão complicado e nós estamos tão exigentes (e azedos) conosco e com tudo ao nosso redor que esquecemos de desfrutar das coisas boas que a vida nos oferece. E quando o assunto é o velho e rude esporte bretão, parece que nada está bom. Cada derrota, cada resultado negativo se transforma numa discussão sem sentido e numa repetição sucessiva de frases feitas.

Às vezes eu tenho a impressão de que curtir equipes como o Flamengo finalista da Copa Libertadores da América pela terceira vez em quatro anos se transformou em crime hediondo. E justo o Fla que passou por poucas e boas no início do ano e segue vivo em todas as competições que disputa.

A conquista da vaga na decisão de Guayaquil (marcada para o dia 29 de outubro) veio depois de implacáveis 6 a 1 no agregado sobre o Vélez Sarsfield com direito a show no jogo de ida em Buenos Aires e uma atuação não mais do que protocolar diante de 66 mil torcedores enlouquecidamente felizes no Maracanã. E isso tudo depois de um final de semana de críticas dirigidas ao técnico Dorival Júnior pelo excesso de zelo com relação ao jogo da última quarta-feira (6) e à escolha por uma equipe alternativa contra o Ceará no domingo (4).

Não quero entrar no mérito da opção de Dorival Júnior e nem na bronca de parte da torcida.

Só quero deixar claro que parece que ficou proibido curtirmos e desfrutarmos desse Flamengo. O time ainda está invicto na Libertadores, tem uma das melhores campanhas da competição e ainda tem um Pedro em fase impressionante. Além das atuações destacadas, o camisa 21 balançou as redes 12 vezes na competição.

Fora isso, temos que falar também dos “maestros” Everton Ribeiro e Arrascaeta, de um Gabigol que vem se adaptando facilmente à nova função, ao talento e juventude de João Gomes, à polivalência de Rodinei e à segurança de Santos no gol rubro-negro.

Quem acompanhava o Flamengo até a década passada sofria com as gozações dos rivais, as trapalhadas dos dirigentes (que ainda existem apesar da boa fase) e as eliminações vexatórias na mesma Libertadores. Era impensável até 2019 ver o Fla se garantindo em finais sul-americanas com a frequência que estamos vendo nas últimas quatro temporadas.

Eu entendo que o torcedor rubro-negro ficou mais exigente e que as expectativas são muito mais altas do que há cinco ou 10 anos. Tenho amigos que chegam a comparar essa postura com a de torcedores do Real Madrid (!!!). Também é compreensível que as pessoas tragam de volta na memória afetiva o futebol que a equipe jogava sob o comando de Jorge Jesus. Mas será que Dorival Júnior não merece crédito pelo trabalho que vem fazendo à frente do Flamengo? Pelo amor de Deus, olhem o que acontece dentro do campo. Olhem como esse time vem jogando...

Não faz muito tempo, o elenco estava completamente bagunçado e vários jogadores que hoje fazem a diferença eram tidos como descartáveis. Dorival recuperou o ânimo do time, encontrou uma maneira de encaixar Everton Ribeiro, Pedro, Arrascaeta e Gabigol entre os titulares e ajudou a limpar a bagunça deixada por Paulo Sousa. E tudo isso em pouquíssimo tempo.

E confesso a vocês que ver alguns colegas de imprensa afirmando que ele “apenas fez o simples” me deixa bem irritado. Onde isso é simples, minha gente?

E hoje vemos o Flamengo em mais uma final de Libertadores e na briga pelos títulos da Copa do Brasil e do Brasileirão. O time sempre está chegando forte e se colocando na briga pelas taças mais importantes da temporada. Isso é muita coisa. E quem viveu o tempo de vacas magras, de luta contra rebaixamentos e eliminações históricas dos anos passados sabe muito bem que o momento hoje é de desfrutar e curtir o momento.

Equipes como esse Flamengo surgem apenas de tempos em tempos. É por isso que esse colunista deixa o recado e o conselho de “brother” para todos os que estão lendo o Brasil de Fato agora.

Desfrutem. Vivam. Apreciem essa equipe. É muito melhor do que ficar amargo nas redes sociais atacando os rivais como alguns fazem por aí.

*Luiz Ferreira escreve toda semana para a coluna Papo Esportivo do Brasil de Fato RJ sobre os bastidores do mundo dos atletas, das competições e dos principais clubes de futebol. Luiz é produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista e grande amante de esportes.

**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Mariana Pitasse