Paraná

CORRUPÇÃO

Câmara de Foz aprova investigação sobre suposta "rachadinha" e venda de cargo

Alvo da investigação, vereador Admilson Galhardo (Republicanos) se diz vítima de perseguição

Foz do Iguaçu (PR) |
Vereador Galhardo (Republicanos) é acusado de reter parte de salário de ex-assessor e manter funcionária fantasma em seu gabinete - Foto: Reprodução/Câmara de Foz do Iguaçu

Após entrar em pauta pela terceira vez nesta legislatura, a Câmara Municipal de Foz do Iguaçu, oeste do Paraná, aprovou nesta terça-feira (9) abertura de Comissão Processante voltada à investigação de possível prática de "rachadinha" no legislativo iguaçuense.

Denunciado pela segunda vez este ano por supostamente reter parte dos salários de um ex-assessor, o vereador Admilson Passos Galhardo (Republicanos) será investigado por seus pares diante de indícios de corrupção apresentados por seu ex-assessor de Marketing, Felipe Menger, e pelo jornalista Ed Queiroz.

Além de ser acusado mais uma vez de praticar "rachadinha", o parlamentar também deverá responder por supostamente ter vendido um cargo em seu gabinete por R$ 30 mil, ainda no período eleitoral de 2020, e, após eleito, manter membros de uma mesma família em seu quadro de assessores, entre eles, uma funcionária fantasma.

Menger e Queiroz encampam a denúncia fundamentada ao longo de 29 páginas, protocolada na Casa de Leis na última sexta-feira (6) e que terminou aprovada por unanimidade após votação em plenário na manhã desta terça.

"Não é uma vitória nossa, mas da sociedade iguaçuense. É preciso destacar que esta é a primeira vez na atual legislatura que um parlamentar será investigado por corrupção. Agradecemos aos parlamentares que se sensibilizaram. Porém, precisamos nos manter vigilantes. A denúncia foi apenas aceita. É fundamental acompanharmos todo o desenrolar do processo", destaca o jornalista Ed Queiroz, um dos autores da ação.

Para o ex-assessor Felipe Menger, a aprovação da Comissão Processante para investigar o vereador Galhardo deverá estabelecer a verdade. "Não se trata de perseguição política. Cada ponto da denúncia é fundamentada com aquilo que vivi dentro do gabinete do vereador, e, mais que isso, com provas. Espero que a investigação seja tocada de forma imparcial e a verdade prevaleça", defendeu. Dentre as provas mencionadas pelo denunciante, constam extratos bancários que indicariam depósitos e saques feitos pelo ex-assessor em benefício do parlamentar.

De acordo com Logan Cardoso, um dos advogados que assinam a denúncia, a aprovação da Comissão Processante representaria que os parlamentares reconheceram os indícios de autoria e materialidade das acusações. "A partir de agora, a Comissão Processante terá até 90 dias para concluir as investigações. Neste período, será oportunizado ao investigado o amplo direito à defesa e ao contraditório. Após este prazo, caberá ao relator apresentar seu parecer pela cassação ou arquivamento", explicou.

Como seguirá o processo

Após o recebimento da denúncia, os próprios parlamentares, com exceção do presidente da Casa, Ney Patrício (PSD), e do investigado Galhardo, realizaram um sorteio para definir a composição da Comissão. Acompanhado por representantes da imprensa local, foram sorteados Edivaldo Alcântara (PTB) , Anice Gazzaoui (PL) e João Morales (União). Em seguida, o trio definiu entre si que a presidência dos trabalhos caberá ao vereador Edivaldo, a relatoria à Anice, e ao vereador João Morales, a função de membro.

Em respeito ao rito do Decreto 201/2967, a Comissão processante irá notificar o investigado em cinco dias para que no prazo de dez dias apresente sua defesa. Decorrido o prazo, a comissão emitirá parecer dentro de cinco dias, opinando pelo prosseguimento ou arquivamento da denúncia.

Vereador diz sofrer perseguição

Procurado, o vereador Galhardo negou as acusações e afirmou ser vítima de perseguição política. “Estou tranquilo. Nenhuma destas ilações tem fundamento. Todos sabem do trabalho que realizo em Foz do Iguaçu e a perseguição que venho sofrendo. Não à toa, após oficializar minha candidatura como deputado estadual, surge mais essa acusação infundada”, disse.

Edição: Lia Bianchini