Rio de Janeiro

CADA DIA MAIS CARO

Rio é a capital com a segunda refeição mais cara do país, com índice acima da inflação

Almoço do trabalhador custa R$ 44,23 no estado do Rio e R$ 47,09 na capital - valor maior que a média nacional

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Sem o benefício-refeição, criado há 46 anos, trabalhador desembolsaria em média um terço do eu salário com almoço fora de casa
Sem o benefício-refeição, criado há 46 anos, trabalhador desembolsaria em média um terço do eu salário com almoço fora de casa - Pixabay

A capital fluminense e o estado do Rio de Janeiro têm os pratos de comida mais caros do Brasil. E o valor está acima da média nacional, que é de R$ 40,64, segundo a pesquisa da Associação Brasileira das Empresas de Benefícios ao Trabalhador (ABBT). O cálculo foi feito com base no que o Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) considera como refeição ideal: prato, bebida (refrigerante, água ou suco), sobremesa e café.

O trabalhador fluminense gasta, em média, R$ 44,23 para almoçar fora de casa. É o que aponta a pesquisa “Preço Médio da Refeição Fora do Lar”. O estudo foi realizado em 51 cidades brasileiras, mais o Distrito Federal, entre fevereiro e abril de 2022. No Rio, o valor médio da refeição em bares e restaurantes é de R$ 47,09, atrás apenas da capital maranhense São Luís (R$ 51,91).

Leia mais: Alta no preço dos alimentos: o que é possível comprar com R$ 100 em um supermercado no Rio?

A alta no estado é de 17,4% acima do apurado em 2019. No estado, o aumento foi de 23%. Segundo a diretora-executiva da ABBT, Jessica Srour, se não fosse o benefício-refeição, o trabalhador gastaria um terço do seu salário com o almoço fora de casa. O salário médio do trabalhador brasileiro é de R$ 2.548,00. Levando em conta a média nacional do almoço, sem o benefício, o desembolso seria de R$ 894,08. 

“O resultado no Rio de Janeiro ficou acima da inflação e da média nacional para se ter acesso a um prato básico, com proteína, carboidrato e salada, uma bebida que seja água ou suco, um café e uma fruta como sobremesa. O valor foi puxado pelo aumento de combustíveis, gás de cozinha e hortifrutigranjeiros como café, tomate, batata inglesa e cenoura, entre outros", explicou a diretora-executiva da ABBT, Jessica Srour.

Valores represados

Apesar do aumento, os restaurantes estão se adaptando à nova realidade de mercado e evitam repassar a elevação dos custos aos trabalhadores. Prova disso é que o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) apurado pelo IBGE, nos últimos 12 meses, mostra que a inflação dos preços da alimentação fora do lar ficou em 6,6%. Já a evolução dos preços da alimentação no domicílio foi de 16,1%.

No cenário atual de deterioração de direitos trabalhistas e de alta do custo de vida em diversos setores, a ABBT reiterou a importância do benefício para que o trabalhar brasileiro tenha acesso a refeições de qualidade, nutritivas e equilibradas. O benefício é concedido pelas empresas aos seus funcionários graças ao Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), criado há 46 anos.

"Economizar no tíquete"

Quem se alimenta em restaurantes no centro do Rio percebe o aumento do valor das refeições. Uma estudante de administração da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e estagiária, desde o ano passado em um escritório no centro da cidade, conversou com o Brasil de Fato, mas pediu para não ter o nome divulgado por já ter pedido à empresa um reajuste do benefício e recebeu uma resposta negativa.

"Não que não esperasse por esse aumento da refeição, porque já vinha observando a alta da inflação no supermercado, na conta de luz, no gás e em outros itens de casa. Mas fiquei assustada em ver como o quilo da comida subiu nos restaurantes. Meu benefício acaba no 20º dia do mês. A única opção, por enquanto, é economizar no tíquete para ele render até o dia 30 ou 31", disse a estudante.

A pesquisa da ABBT avaliou os valores praticados pelos restaurantes, lanchonetes e padarias que aceitam o benefício alimentação e foram divididos em quatro categorias: "prato feito", "self-service" (por quilo ou buffet a preço fixo), executivo e à la carte (onde o consumidor escolhe o prato que será preparado na hora). Para os restaurantes por quilo foi considerado o valor de 500g da refeição e 200g da sobremesa.

Confira os valores divulgados pela pesquisa:

Média nacional e por região:

Brasil                 R$ 40,64
Sudeste             R$ 42,83
Nordeste           R$ 40,28
Sul                    R$ 36,97
Norte                 R$ 36,14
Centro Oeste    R$ 34,20

Comparativo das capitais

São Luís             R$ 51,91
Rio de Janeiro    R$ 47,09
Florianópolis       R$ 46,75
Aracaju               R$ 46,11
Natal                   R$ 44,78
São Paulo           R$ 43,27
João Pessoa       R$ 42,76
Salvador             R$ 42,19
Recife                 R$ 42,04
Belém                 R$ 41,04
Vitória                 R$ 39,66
Campo Grande   R$ 39,22
Curitiba               R$ 38,38
Belo Horizonte    R$ 36,83
Cuiabá                R$ 36,61
Palmas                R$ 36,61
Porto Alegre        R$ 36,12
Teresina              R$ 34,92
Maceió                R$ 34,76
Brasília                R$ 33,37
Manaus               R$ 31,91
Fortaleza             R$ 29,65
Goiânia                R$ 27,94

Edição: Mariana Pitasse