Rio de Janeiro

FAVELA EM FOCO

Projeto oferece reforço escolar e alimentação para crianças no Morro da Babilônia (RJ)

A inciativa organizada por grupo de capoeira sediado no Rio se mantém através de campanha de doação online

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
"A gente criou uma forma de comunicação aqui através dos muros da comunidade", diz uma das organizadoras do projeto - Grupo Ngoma Capoeira Angola

O projeto “Babilônia contra covid” mostra na prática que a arte e a cultura podem e devem andar juntas com a educação escolar. A iniciativa do grupo “Ngoma Capoeira Angola” teve início em 2021, no Morro da Babilônia, bairro do Leme, na zona sul do Rio de Janeiro, e oferece aulas de reforço escolar para crianças e adolescentes.

Inicialmente, o projeto conseguiu financiamento da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), através de uma campanha lançada pela entidade que tinha por objetivo apoiar ações de enfrentamento à covid-19 nas favelas do Rio. Com o apoio, foi possível oferecer além de aulas de reforço, alimentação para os alunos e kit higiene para as famílias. Porém, a parceria com a Fiocruz teve fim no mês de abril deste ano e desde então, o grupo Ngoma tem mantido o projeto por meio de uma campanha online.

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A contramestre de capoeira, Tatiana Brandão, é coordenadora do projeto e conta em entrevista ao programa Central do Brasil, uma parceria da rede TVT com o Brasil de Fato, que os estudantes já procuravam a capoeira para pedir ajuda com os trabalhos da escola mesmo antes do projeto ter início.

“As crianças vinham aqui para o espaço e aí traziam o dever e a gente buscava saber se estavam conseguindo buscar as apostilas nas escolas. E aí, a gente começou a ajudar um vizinho aqui, um vizinho ali. A gente pegava a criançada tanto para fazer capoeira, depois para estudar um pouco”, diz a capoeirista.

 

 

Tatiana também explica que agora o grupo “Ngoma Capoeira Angola” está focado em conseguir continuar com o projeto, pois acredita na importância da continuidade dos estudos para os alunos da iniciativa. O grupo tenta mostrar a própria relevância para a comunidade.

“As crianças de favela, sobretudo as negras, têm uma defasagem imensa comparado a crianças economicamente mais favorecidas [...] Isso já é motivo da gente ter um movimento social, uma organização, visto as falhas que o Estado insiste em ter. E a gente deveria ter isso em todas as comunidades”, explica Tatiana.


O grupo “Ngoma Capoeira Angola” quer dar continuidade às só as aulas de reforço escolar / Grupo Ngoma Capoeira Angola

O projeto “Babilônia contra covid” tem como sede o espaço de capoeira do grupo Ngoma, que serve como um local de acolhimento na comunidade. Joanna Giglio é capoeirista e merendeira da iniciativa, e conta que, além do apoio da Fiocruz, o grupo também conseguiu atendimento psicossocial da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para as famílias, além de desenvolver atividades de educação alimentar com a Favela Orgânica para as crianças.

“A gente se organizou para receber quem não pudesse fazer o atendimento [psicossocial] em casa, às vezes é uma coisa delicada. E a gente criou uma forma de comunicação aqui através dos muros da comunidade. A gente fez algumas atividades de arte com muralismo informativo, falando sobre a importância da vacina. E com a parceria da favela orgânica a gente também desenvolveu receitas de baixo custo”, conta Giglio.

O grupo “Ngoma Capoeira Angola” quer dar continuidade não só as aulas de reforço escolar, mas também a alimentação dos alunos e a entrega de kit higiene para as famílias. Qualquer pessoa pode doar para a campanha do projeto, para mais informações é só acessar as redes sociais do coletivo.

Edição: Mariana Pitasse