Rio Grande do Sul

Reconhecimento

A professora e jornalista Sandra de Deus recebeu título de Cidadã de Porto Alegre

Proposta pela vereadora Daiana Santos (PCdoB), a homenagem aconteceu em Sessão Solene nesta quinta (23)

Brasil de Fato | Porto Alegre |
"Temos de nos colocar ao lado de lutas em defesa de indígenas e de negros e contra a fome", afirmou professora - Foto: Ederson Nunes/CMPA

A professora e jornalista Sandra de Fátima Batista de Deus recebeu nesta quinta-feira (23) o título de Cidadã de Porto Alegre. Proposta pela vereadora Daiana Santos (PCdoB), a homenagem aconteceu em Sessão Solene realizada no Plenário Otávio Rocha da Câmara Municipal. Sandra destaca-se como a única professora negra do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). 

Na solenidade Daiana destacou que o título concedido hoje não é uma homenagem e sim o reconhecimento a quem muito construiu dentro de uma perspectiva antirracista na qual as mulheres negras ainda são a base da pirâmide. "Sandra tem um currículo lindo e extenso que constrói pontes de saberes que rompem com um sistema racista e de privilégios", afirmou a vereadora.

A parlamentar também acrescentou que "estamos distantes da realidade que queremos, mas quando temos à frente pessoas como Sandra, fica mais fácil atingir este objetivo, pois elas abrem espaços para que outros possam entrar. Mulheres como ela nos inspiram e servem de referência para onde ir", concluiu.

Sandra agradeceu à Daiana e a seu gabinete pela homenagem e fez uma breve retrospectiva de sua vida pessoal e profissional. De acordo com ela, foram muitos os desafios enfrentados por uma mulher negra vinda do Interior que "ousou" buscar seu espaço como jornalista na Capital. Na UFRGS, porém, disse que encontrou sua vocação como professora de Jornalismo e como militante de movimentos sociais. "Ao conhecer melhor Porto Alegre, descobri que aqui havia espaço para militância de uma mulher negra."

Ela reconheceu que houve avanços na sociedade desde que chegou à Capital, mas alertou que hoje é preciso ter uma vigilância constante contra os retrocessos. "Temos de nos colocar ao lado de lutas em defesa de indígenas e de negros e contra a fome. A fome que é, como diz o escritor Mia Couto, a arma mais letal no mundo na atualidade. Não podemos ceder nas conquistas. Precisamos manter a vigilância em defesa da universidade pública, que é o lugar onde negros pobres encontram seu espaço na sociedade."

Sobre Sandra de Deus

Sandra de Fátima Batista de Deus nasceu em 1957, no município de São Vicente do Sul. Em 1977, ingressou no curso de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), concluído em 1980. Em Santa Maria, Sandra de Deus foi repórter da Folha da Tarde e repórter, redatora e produtora de programas na Rádio Imembuí. Ainda na UFSM, formou-se especialista em Pensamento Político Brasileiro (1990) e mestre em Extensão Rural (1989). Em 1998 veio morar em Porto Alegre. Trabalhou na Rádio Gaúcha como chefe de reportagem.

Após aprovação em concurso público para professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), assumiu, em 1999, cadeiras de rádio na Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação (FABICO). Também na UFRGS, em 2005, formou-se doutora em Comunicação e Informação. É líder do Grupo de Pesquisa em Jornalismo Esportivo, certificado pela UFRGS, integra o grupo de trabalho Extensão Crítica: teorias e práticas na América Latina e no Caribe e é membro do corpo editorial de diversas revistas acadêmicas. Já foi chefe de departamento na FABICO, diretora da Rádio da Universidade, secretária de Comunicação da UFRGS e pró-reitora de Extensão da UFRGS, ocupando em 2012–2013 a presidência do Fórum Nacional de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras e entre 2016 e 2018 a Coordenadoria da Comissão Permanente de Extensão da Associação das Universidades do Grupo Montevidéu. 

*Com informações da Câmara Municipal de Porto Alegre


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Edição: Katia Marko