Rio de Janeiro

MERCENÁRIOS

No RJ, operação do MP prende policiais militares por extorsão, tortura e sequestro de bandidos

De dentro de batalhões, PMs obtinham vantagens através de acertos de propina com criminosos, em especial traficantes

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
operação mercenários
Operação Mercenários foi deflagrada nesta quinta-feira (26) para prender 11 policiais e fazer buscas e apreensões em diversos locais - Divulgação/MP-RJ

Nove policiais militares foram presos na manhã desta quinta-feira (26), no Rio de Janeiro, na Operação Mercenários, do Ministério Público Estadual (MP-RJ). A operação mira 11 PMs integrantes de organização criminosa voltada para crimes como corrupção, extorsão, sequestro e tortura de criminosos para pagamento de resgate.

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Além das prisões, estão sendo cumpridos 35 mandados de busca e apreensão em endereços ligados aos denunciados. A operação, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MP-RJ), contou com o apoio da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ), em parceria com a Corregedoria da Polícia Militar.

As investigações tiveram início a partir da análise de dados do aparelho celular do PM Adelmo Guerini, apreendido durante a operação Gogue Magogue, em agosto de 2020, para desmantelar um grupo miliciano que explorava o serviço de mototáxis na comunidade Asa Branca, em Jacarepaguá. No aplicativo WhatsApp, o grupo se autodenominava "Os Mercenários".

A investigação extraiu dados do aparelho e constatou que policiais militares lotados no GAT (Grupamento de Ações Táticas), do 24º Batalhão da Polícia Militar (Queimados), e na P2 (Seção de Inteligência da Polícia Militar) do 21º BPM (São João de Meriti), se valiam da função desempenhada nos batalhões para integrar a organização criminosa e cometer os crimes.

Adelmo e os denunciados Mário Paiva Saraiva, Antonio Carlos dos Santos Alves, Denilson de Araújo Sardinha, Weliton Dantas Luiz Junior, Francisco Santos de Melo, Marcelo Paulo dos Anjos Benício e Vitor Mayrinck, integravam a equipe Delta do GAT do 24º BPM aliaram-se para obter vantagens indevidas, através de acertos de propina com criminosos, em especial traficantes.

Segundo a denúncia do MP-RJ, quando o acerto não era realizado, os PMs realizavam atos de violência, através de extorsões, torturas e homicídios, além de desviar parte ou a integralidade de materiais ilícitos apreendidos que, muitas vezes, sequer eram apresentados à autoridade policial.

Ainda de acordo com o MP, em fevereiro de 2020, André Araújo, então subcomandante do 24º BPM assumiu o comando do 21º BPM, levando com ele parte do grupo para formar a P2 do 21º BPM, cujo chefe era Anderson Orrico. A partir deste momento, o esquema criminoso existente no GAT do 24º BPM foi copiado e implementado no 21º BPM, com seus integrantes passando a contar com informantes e arrecadadores de propina próprios.

Com isso, passaram a fazer parte da organização criminosa outros cinco policiais militares: Marcelo Leandro Teixeira, Oly do Socorro Biage Cei de Novaes, William de Souza Noronha, Fabiano de Oliveira Salgado e Thiago Santos Cardoso. 

Atualmente, André Araújo comanda o 15º BPM, sendo Anderson Orrico o chefe da P2 do mesmo Batalhão. Mario Paiva Saraiva, Antônio Carlos dos Santos Alves e Denilson Sardinha integram o GAT do 15º BPM. O Gaeco/MP-RJ está cumprindo mandados de busca e apreensão nos endereços vinculados aos dois primeiros para obter provas da participação deles nos crimes denunciados.

Edição: Eduardo Miranda