Pernambuco

MORADIA

Incêndio atinge Palafitas no Recife nesta sexta (06) e deixa centenas de pessoas desabrigadas

Movimentos cobram políticas de moradia para a comunidade e estão arrecadando doações de roupas e alimentos

Brasil de Fato | Recife (PE) |
O fogo foi completamente contido sem nenhuma intercorrência de feridos - Fotos: Rebeca Martins

Um incêndio de grandes proporções atingiu área das Palafitas do Pina, localizadas à beira da Bacia do Pina, na Zona Sul do Recife, na tarde desta sexta-feira (6). Centenas de famílias tiveram suas casas e pertences tomadas pelo fogo. Em nota, o Corpo dos Bombeiros informou que foi acionado por volta das 16h e que o fogo foi completamente contido sem nenhuma intercorrência de feridos. 


Moradora há 9 anos, Ana Lúcia teve sua casa incendiada / Maria Lígia

Ana Lúcia é moradora das palafitas há 9 anos e teve seu barraco, onde morava com seu marido e neto, completamente incendiado. "O fogo chegou de repente, a gente viu já o povo correndo e saímos também correndo de casa. Jogamos água, tentamos de tudo, mas, não deu. Perdemos tudo: documentos, materiais de casa, lençol, tudo. Estou aqui a nada. É terrível isso que estou sentindo, é uma coisa horrorosa que não tem como explicar", conta. 

Equipes da Secretaria Executiva de Defesa Civil estão no local formalizando os cadastros das famílias afetadas. Em anúncio para a imprensa, A Prefeitura do Recife informou que as famílias receberão indenização por pecúnia, no valor de R$ 1.500, além de todo o apoio necessário, como oferta de abrigo, cestas básicas e transporte para casa de familiares. 

Vanessa Suellen da Silva, 28 anos, mora com três filhos e não estava em casa quando o fogo começou. "Ficaram ligando para mim, eu estava na Policlínica, eu vim nas carreiras, mas, quando cheguei não consegui salvar nada. Só meus filhos e meus documentos porque eles estavam comigo no posto. Desejo isso para ninguém, é muito ruim você ver que perdeu as únicas coisas que você tinha. Me desesperei muito" diz. Vanessa já fez o cadastro com a Defesa Civil, mas, conta que não se sente segura. "Eu não senti muita firmeza. Me falaram que vamos receber uma auxílio, perguntaram se eu queria ir para um abrigo e disse que iam entrar em contato. O que nos resta agora é esperar".


O fogo foi completamente contido sem nenhuma intercorrência de feridos / Fotos: Rebeca Martins

A vereadora do Recife Michele Collins (PP) foi até o local dialogar com a população, mas, foi recebida com vaias e protestos. 

Segundo o advogado Renan Castro, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil de Pernambuco (OAB-PE), os moradores precisam de políticas de moradia e que o auxílio moradia disponibilizado pela Prefeitura deve ser somente emergencial.   "viemos prestar nossa solidariedade e depois garantir que essas famílias acessem seus direitos. Elas já viviam em situação de muita vulnerabilidade, mas, agora elas entram para os dados de famílias sem teto. Esperamos que tenha um programa sólido de moradia para essas famílias, a partir desta emergência. Recife tem o menor auxílio de moradia do país, pagando somente R$200 e isso nos preocupa muito. Nós temos a informação de comunidades que recebem esse auxílio que deveria ser emergencial faz 14 anos e não avançamos em políticas permanentes", conta. 

Solidariedade

Ainda no começo da noite, começaram a chegar diversas organizações e pessoas para ajudar no esvaziamento das palafitas próximas das que foram atingidas, como também com alimentação e donativos urgentes, como água, lençol e roupas. 

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que atua na área através da Cozinha Popular Solidária divulgou uma nota reafirmando o compromisso com as famílias que vivem no local. "Nós do MST colocamos nossa estrutura e nossa militância para ajudar na reconstrução da comunidade e conclamamos toda sociedade pernambucana pra ajudar também. Desse modo, cobramos das autoridades ações efetivas de apoio estrutural relacionadas a questão habitacional do nosso querido povo das Palafitas para superar a situação de calamidade das famílias.", diz o texto. 

O MST e a Campanha Mãos Solidárias estão arrecadando água, alimentos não perecíveis, roupas, lençóis, toalhas e produtos de higiene pessoal que devem ser entregues no Armazém do Campo Recife, localizado Av Martins de Barros, 837, Santo Antônio, Recife-PE.

Edição: Vanessa Gonzaga