Bahia

EDUCAÇÃO

Professores da educação básica seguem sem reajuste salarial mesmo com aprovação do legislativo

Em Feira de Santana e Salvador o reajuste não foi repassado para a categoria

Brasil de Fato | Salvador (BA) |
"O piso salarial é só a ponta do iceberg dos problemas na educação básica pública", diz professor. - Jonas Souza

Em janeiro deste ano, o Governo Federal aprovou um aumento de 33% no piso salarial nacional das professoras e professores da educação básica. Porém, a efetivação desse reajuste nos estados tem encontrado barreiras. Na Bahia, a Assembleia Legislativa aprovou o projeto de lei que reajusta os salários dos professores da rede pública estadual de ensino. Em Salvador, o novo piso também já foi aprovado, mas não chegou para as professoras e professores.

Fabio Nunes atua na rede pública de educação de Salvador há cinco anos. Ele comenta o que o não cumprimento do pagamento do piso significa uma desvalorização dos profissionais. "Em Salvador isso é ainda piorado, porque a cidade já tem péssimos índices educacionais, e o professor, como parte do sistema de ensino, se ele está desvalorizado, toda educação termina desvalorizada e é refletida nos alunos, sobretudo os mais carentes, que só têm a escola pública", comenta.

Dayane Araújo atua na educação há 19 anos, sendo 3 desses na rede municipal de Feira de Santana. No final do mês de março e começo de abril, a categoria realizou uma ocupação na prefeitura para cobrar o reajuste dos salários. Ela conta o que significou para as professoras e professores serem recebidos com violência no momento dessa reivindicação: "Isso representa a falta de capacidade administrativa e o desrespeito às diferenças. Sobrou violência onde faltou o diálogo. O prefeito de Feira se esconde por trás de inverdades e de uma narrativa desastrosa. Vale salientar que não é a primeira vez que que os profissionais aqui de Feira de Santana são atacados com spray de pimenta. Isso ocorreu também em 2020, quando fomos reivindicar o nosso salário, que havia sido cortado em plena pandemia".

Após o ocorrido, a prefeitura divulgou que o aumento do piso salarial dos professores de Feira de Santana foi aprovado. Mas a categoria rebate a efetivação desse piso, além de não terem tido outras demandas atendidas. "O piso salarial na nossa cidade não foi dado como vem sendo falado em todas as mídias. O que aconteceu é que apenas 37 professores que recebiam abaixo do piso foram contemplados. Os demais professores receberão um aumento de 5%, que será dado a todo funcionalismo público da nossa cidade. Vale salientar que a nossa principal pauta é a defesa por uma educação pública gratuita e de qualidade. E isso perpassa pela valorização profissional", observa Dayane.

Além do reajuste do salário base, Fabio destaca que existem outros fatores que contribuem para a valorização das professoras e professores. "O piso salarial é só a ponta do iceberg dos problemas na educação básica pública, porque, além da valorização dos professores, é preciso também investir em estrutura básica mínima nas escolas, possibilitando que ela seja um local propício para a aprendizagem. É preciso também investir na formação e atualização dos professores para um mundo que se reinventa com uma rapidez impressionante. Também é necessário uma estrutura psicossocial que trate o aluno de forma holística, reconhecendo que a aprendizagem e a formação cidadã não se resume apenas a escola, mas também todo ambiente que cerca os alunos e que precisa ser pensado conjuntamente", conclui Fábio.

Edição: Jamile Araújo