Paraná

Violência política

Deputado que ameaçou Lula na Assembleia Legislativa do Paraná pode ser cassado

Caso é mais um que aponta para aumento da violência política em ano de disputa eleitoral

Curitiba (PR) |
Deputado Coronel Lee (DC) fez fala na Alep com ameaças contra o ex-presidente Lula e o MST - Foto: Reprodução redes sociais

Deputados da bancada de oposição na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) protocolaram na quarta, 13, requerimento pedindo providências quanto às injúrias e ameaças de morte proferidas pelo deputado Coronel Lee (DC) contra o ex-presidente Lula, integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e militantes de partidos de esquerda, proferidos no dia 6 de abril em sessão do Poder Legislativo.

No pedido, a bancada argumenta que as afirmações “excederam as prerrogativas e imunidade parlamentar” e configuram quebra de decoro, uma vez que afrontam o artigo 59 da Constituição Estadual e artigo 271 do Regimento Interno da Assembleia.

Na ocasião, o deputado afirmou: “a última vez que esse bando do MST e da esquerda vieram nos visitar, queriam conversar com a gente, foram parar no inferno, então Lula, mande a sua turma toda falar com a gente de novo, e vocês vão visitar seus amigos que estão lá.”

Para o presidente estadual do PT e líder da oposição na Assembleia, Arilson Chiorato, o episódio revela uma radicalização do discurso e ameaça à democracia.

“Toda fala que tenha conteúdos agressivos e violentos, independente de eleições polarizadas, causa impacto e precisa ser punida. Não podemos deixar a barbárie tomar conta da disputa política. A democracia exige respeito e tratamento diferenciado. A fala do Coronel desperta ódio e violência. E um ambiente polarizado entre Lula e Bolsonaro incita posturas mais violentas”, reflete Chiorato.

Em nota divulgada após o discurso, a bancada manifestou preocupação com a escalada da violência política de parlamentares bolsonaristas, especialmente em ano eleitoral, uma vez que Lula aparece como líder nas pesquisas à Presidência.

“O ódio não pode ser ferramenta de disputa política, nem o discurso violento como retórica”, afirmaram. O requerimento à mesa diretora da Assembleia foi assinado pelos deputados Arilson Chiorato (PT), Goura (PDT), Luciana Rafagnin (PT), Professor Lemos (PT), Requião Filho (PT) e Tadeu Veneri (PT).

A reportagem do Brasil de Fato Paraná entrou em contato com a assessoria de imprensa do deputado Coronel Lee, mas, até o fechamento desta matéria, não recebeu qualquer manifestação da equipe do parlamentar.

Mais casos de ameaças

Outros casos envolvendo parlamentares bolsonaristas se somam ao do Coronel Lee. Em março, ao reagir a uma declaração do ex-presidente Lula que pedia a sindicalistas que fossem à casa de parlamentares para conversarem com familiares, o deputado federal Junio Amaral (PL-MG) gravou vídeo usando uma pistola e fazendo ameaças. “Vou esperar vocês lá, sua turma, você, vai conversar com minha esposa, minha filha, vocês serão muito bem-vindos.” O deputado mineiro foi alvo do inquérito das fake news, do Supremo Tribunal Federal.

Outro que resolveu utilizar o mesmo método de ameaça foi o deputado Coronel Telhada (PP-SP). Reagindo à mesma fala de Lula, Telhada fez vídeo ameaçando o petista com uma arma presa em sua cintura. “Ô Lula, vai lá em casa. Incomodar a minha mulher, meus filhos, meus netos. Tô te esperando lá. Pode vir quente que a gente tá fervendo”, ameaçou. 

Edição: Frédi Vasconcelos e Lia Bianchini