Marielle

Documentário sobre Marielle tem exibições em festival na Itália e na França

Crime completou 1.500 dias nesta sexta. Até hoje, não se sabe quem foi o mandante

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A pergunta que é feita há 1.500 dias persiste: Quem mandou matar Marielle? - Mídia Ninja

Lançado em 2021, o documentário Elle, sobre Marielle Franco, volta a ser exibido na Europa. Neste sábado (23), o curta fará parte do Immaginaria Film Festival, evento dedicado às lésbicas “e outras mulheres rebeldes”, cuja 17ª edição começou ontem, em Roma, e vai até a próxima segunda-feira (25). Em 9 de maio, Elle terá exibição em Paris, com distribuição do Centro Audiovisual Simone de Beauvoir (criado em 1982 por militantes feministas) e cachê doado à família de Marilelle Franco, cujo assassinato completou 1.500 dias justamente ontem.

Dirigido por Liliane Mutti e Daniela Ramalho, o documentário já foi exibido em mais de 20 festivais, ganhando prêmios em Milão e Cannes. Com pouco mais de oito minutos, o curta mostra a ida dos pais da vereadora (pelo Psol) e ativista, Antônio e Marinete, para a inauguração do Jardim Marielle Franco, em Paris, em 2019. A capital francesa teve manifestações de protesto contra o crime ocorrido em março de 2018, quando Marielle e Anderson Gomes, seu motorista, foram mortos a tiros na região central do Rio de Janeiro.

O curta tem falas em off e passagens de ato em Paris, além de imagens de arquivo: fotos da infância à vida adulta de Marielle e pronunciamentos da vereadora, eleita em 2016 com 46.502 votos, para o período 2017-2020. Ela foi a quinta mais votada no município. “A gente tem lado, tem classe e tem identificação de gênero”, afirma em uma das falas. “Não serei interrompida. Vai ter que aturar mulher negra, trans, lésbica ocupando a diversidade dos espaços.” Marielle morreu aos 38 anos.

Crescimento da milícia

“Dona Marinete, mãe de Marielle, tem enfrentado problemas de saúde. O poeta João de Mello, do conselho da Associação Cine Nova Bossa (responsável pelo filme, em parceria com o Coletivo Ubuntu Audiovisual), ligou contando que ela está sem plano de saúde. Então, decidimos participar dessas iniciativas de amigos do Rio para ajudá-la e estamos muito felizes que o filme possa fazer a sua parte”, conta Liliane Mutti. “Marielle e Anderson infelizmente não foram um caso isolado com o crescimento da milícia na cidade do Rio de Janeiro”, acrescenta.

O crime ainda está sem solução. Acusados pela execução foram presos, mas ainda não houve julgamento. O mandante segue desconhecido. A tragédia já foi tema de outras obras, entre documentários e homenagens de escolas de samba. Mas a pergunta que é feita há 1.500 dias persiste, agora com uma versão francesa: Qui a ordonné le meurtre de Marielle? (Quem mandou matar Marielle?).

Confira aqui o trailer do documentário.