Bahia

JUVENTUDE

Mais do que votar: o que a juventude pensa sobre participação política

Jovens acreditam quem têm papel importante na conscientização e na busca por mudanças no país

Brasil de Fato | Salvador (BA) |
De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o número de jovens de 16 a 18 anos que se cadastram para votar caiu 82% em uma década. - Foto: Divulgação/TRE

Nas últimas semanas, vem acontecendo uma intensa campanha para que jovens de 16 e 17 anos tirem o título de eleitor e participem da votação deste ano, mesmo não sendo obrigados a votar. Um dado que chamou atenção foi divulgado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE): o número de jovens de 16 a 18 anos que se cadastram para votar caiu 82% em uma década. Mas votar nas eleições é apenas uma das formas de participação política.

Ruan Pedroso tem 17 anos, mora em Feira de Santana, e é diretor da União Estadual dos Estudantes Secundaristas (UEES). Ele compartilha o que pensa sobre o papel da juventude na política brasileira: "Muito se diz que os jovens são o futuro do Brasil, mas a gente observa isso com certo estranhamento pela situação atual do país. Às vezes tem jovens que dizem que não gostam da política, que não se posicionam politicamente por não ter afinidade, por achar que não devem ou até por medo de represálias. Mas é importante perceber que nós somos seres políticos, nós vivemos diariamente com atos políticos, e nós dependemos da política para as evoluções sociais. Por isso, é importante a participação de todos".

Gabriel Santos, de 16 anos, mora em Vitória da Conquista. Ele está no terceiro ano do Ensino Médio, é candomblecista e faz parte do grupo de capoeira e movimento cultural Consciência Negra. Ele também comenta que o papel da juventude é buscar a mudança do país. "Olhando atualmente as condições que estamos, poucos jovens buscam se informar para fazer essa tal mudança. Eu como jovem negro penso que, por estar inserido em movimentos de resistência, como a capoeira e o candomblé, tenho que fazer um trabalho de conscientização para os jovens e para que o governo atual não acabe com as nossas esperanças", ressalta.

Gabriel conta ainda que a votação dos jovens é importante. "Isso seria um grande avanço. Para jovens como eu, penso que o combate ao racismo, à intolerância religiosa e o preconceito seja um dos maiores avanços para o país. E para que algumas dessas mudanças ocorram, temos que tirar esse atual governo, que só melhora a elite brasileira, que são contra essas mudanças", destaca.

A ideia de que o envolvimento com a política institucional é necessariamente o envolvimento com corrupção é rebatida por Ruan Pedroso. Como ele afirma: "Isso é uma visão ultrapassada, porque nós temos hoje exemplos de bons políticos, ótimos jovens e nós pedimos, nós precisamos que mais e mais jovens apareçam, se envolvam nesse momento político. Por isso toda essa luta para que em 2022 a participação política dos jovens na eleição aumente e também para que mais jovens saiam como candidatos".

Edição: Jamile Araújo