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Flamengo vence Talleres e mantém incômoda sombra de Jorge Jesus

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O Flamengo venceu o Talleres por 3 a 1 pela Libertadores nesta terça-feira (12) com grande atuação de Everton Ribeiro - Gilvan de Souza / Flamengo
A impressão que fica é a de que se criou um mito em torno de Jorge Jesus e do mágico de 2019

*Luiz Ferreira

O Flamengo venceu o Talleres por 3 a 1 na última terça-feira (12) em jogo válido pela segunda fase da Copa Libertadores da América. E é possível dizer que o time comandado por Paulo Sousa teve a sua melhor atuação nesses últimos dias. O time se mostrou mais concentrado, teve mais fluidez nas jogadas ofensivas e viu Everton Ribeiro, Bruno Henrique, Arrascaeta e o garoto João Gomes resolverem a partida sem muito esforço.

É verdade que o time ainda precisa de muitos ajustes (principalmente no setor defensivo) e que alguns jogadores parecem estar com a mente perdida em Nárnia ou em alguma dimensão paralela. Mas o resultado e a atuação coletiva deixam sim uma pontinha de esperança no torcedor rubro-negro. Ainda que alguns negacionistas da bola insistam no pensamento “terraflanista” de que só Jorge Jesus pode fazer esse time jogar um futebol convincente.

Aliás, a maneira como a imprensa esportiva tem tratado este e outros assuntos é extremamente desrespeitosa com Paulo Sousa e de quem faz parte da sua comissão técnica. É verdade sim que o trabalho do português ainda precisa melhorar muito e que ele precisa ser mais flexível em vários pontos. A começar pela obviedade ululante. Everton Ribeiro não pode ser reserva nunca, jamais, em tempo algum e nem mesmo no meio de uma guerra nuclear. Ele precisa estar jogando junto de Bruno Henrique, Arrascaeta e Gabigol. Paulo Sousa que dê seu jeito para encaixar os quatro na sua equipe.

Mas é muito difícil lidar com todos os problemas que o cargo de técnico do Flamengo já traz consigo quando o retorno de Jorge Jesus é especulado a todo momento na imprensa. A impressão que fica é a de que criou-se um mito, uma aura, quase uma lenda digna dos livros de Harry Porter em torno de JJ e de todo aquele ano mágico de 2019.

Ninguém está diminuindo os feitos de Jorge Jesus. Muito pelo contrário.

É justamente pelo fato do português ter sido fantástico no comando do Flamengo que se tem quase cem por cento de certeza de que é muito difícil que aquela química de três anos atrás aconteça novamente. Precisamos lembrar que o elenco está três anos mais velho (e muito mais “manjado” pelos adversários) e que o próprio JJ vem de um trabalho muito ruim no Benfica.

Além disso tudo, é impressionante como alguns colegas de imprensa insistem num “amor” de Jorge Jesus pelo Flamengo pouco tempo depois dele ter saído do clube sem muitas explicações. O que garante que o Mister não vai abandonar o barco novamente quando aparecer a primeira oportunidade?

A verdade é uma só. Nada, absolutamente nada garante que o retorno de Jorge Jesus fará o Flamengo jogar como jogou em 2019.

O Flamengo tem hoje duas escolhas simples. Ou o clube abraça Paulo Sousa e confia no trabalho do “Romântico” até o final ou corta a relação logo de uma vez e vai atrás de Jorge Jesus. O objetivo aqui é claro. Ou se revive 2019 ou a lenda e todas as expectativas criadas serão enterradas. Só não me parece que JJ quer isso. Pior do que sentir saudade de um tempo muito bom, é concluir que jamais ele não volta mais. Mesmo juntando todas as peças e tentando recriar todos os cenários.

Imaginem Jorge Jesus voltando ao Flamengo e encontrando dificuldades para fazer o time jogar como jogou há três anos. Sofrendo derrotas e colecionando atuações ruins. A imprensa dizendo que o Mister “não é mais aquele” e a diretoria se escondendo atrás dos louros de 2019.

Exatamente como fez durante as últimas duas temporadas. E convenhamos, pelo menos metade da culpa dessa crise está sobre os ombros de Rodolfo Landim, Marcos Braz e companhia não é? Me parece que os dirigentes rubro-negros andam muito mais preocupados com cargos políticos do que a gestão de um dos clubes mais amados do país.

Mas ainda há que os defenda.

E é por isso que eu digo que o “terraflanismo” é o grande mal do Flamengo hoje em dia. Seja ele provocado por convicção ou pela grana que anda chegando pelo PIX para influenciadores, as “ditas” torcidas organizadas e até mesmo alguns coleguinhas de imprensa. Ou vocês acham mesmo que esse monte de influenciador está preocupado com o Flamengo?

Empolgação do Botafogo deu lugar à dúvida 

É verdade que o Botafogo jogou mal demais contra o Corinthians. O time sentiu demais a falta de entrosamento e a ausência de Luís Castro na beira do gramado. Mesmo assim, as perspectivas são boas. Os reforços estão chegando e a tendência é vermos um Glorioso muito mais competitivo. Mas é bom lembrar que sacos de dinheiro não levantam taças. É preciso jogar bola!

Nau do Vasco permanece à deriva

A atuação horrorosa do time de Zé Ricardo contra o Vila Nova ainda ecoa pelos lados de São Januário. Nem tanto pelo resultado em si, mas pela maneira como o Vasco foi a campo depois de tanto tempo de treinamento. Difícil defender o treinador quando este escala Bruno Nazário numa posição que não é a dele mostra enormes dificuldades para dar um mínimo de padrão ao time.

Fluminense pode deslanchar na Sul-Americana

O jogo contra o Junior Barranquilla não é nada fácil. A equipe colombiana tem talento e sabe usar o fato de jogar em casa a seu favor. Mas o Fluminense de Abel Braga já superou desafios maiores nessa temporada e tem tudo para voltar para o Rio de Janeiro com um resultado positivo. O time só não pode ter apagões como teve contra o Olimpia e o Botafogo. É bom entrar em campo ligado.

*Luiz Ferreira escreve toda semana para a coluna Papo Esportivo do Brasil de Fato RJ sobre os bastidores do mundo dos atletas, das competições e dos principais clubes de futebol. Luiz é produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista e grande amante de esportes.

Edição: Mariana Pitasse