Rio de Janeiro

Coluna

Quando a democracia está sob ataque, mobilizar as ruas é a solução

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Precisamos ocupar as ruas, os espaços públicos na defesa de nossos direitos e da democracia - 19J
Essa sedução pelo autoritarismo precisa ser vencida por nós: trabalhadores

O recente ataque do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL) em suas redes sociais à jornalista Míriam Leitão reacende o debate (ou pelo menos deveria) sobre as permanências autoritárias em nossa sociedade, que ganharam fôlego com o golpe de 2016, com o impeachment da presidenta Dilma e a eleição de Bolsonaro em 2019.

Diante de um artigo da jornalista em que afirmava ser o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL), um inimigo confesso da democracia, Eduardo sai em defesa do pai, com a frase: “ Ainda com pena da cobra”, clara referência a tortura vivida por Míriam Leitão no período da ditadura empresarial-militar (1964-1985), grávida, em que foi colocada nua em uma sala escura com uma cobra.

Não é novidade o comportamento do deputado Eduardo Bolsonaro. Sua atuação no plano público como parlamentar é marcada por ações e discursos grotescos, apologias ao retorno à ditadura, frequentes ameaças à democracia e aos oponentes do seu pai. Mas há um requinte de perversidade no ataque a Míriam Leitão, que demonstra o quanto nossa democracia está sob ataque em múltiplas instâncias e frentes.

De fato, nossa história é marcada pelas experiências autoritárias, onde trabalhadores e trabalhadoras são silenciados e explorados ao máximo.

Um país traçado pela lógica colonial, cujas marcas da escravidão são visíveis, tanto nos índices de pobreza, onde as mulheres negras são as mais afetadas, quanto numa política de segurança que insiste em matar jovens negros das favelas.

Por isso precisamos lembrar, precisamos rever nossa história. A ditadura imposta em 64 nos deixou como saldo: 434 mortos e desaparecidos, tortura sistemática, estupros, congresso fechado, judiciário submisso, imprensa controlada, artes e cultura censuradas. Esse é o sonho dourado do atual governo e de muitos dos seus apoiadores.

Sonham com o retorno à ditadura, atacaram STF, em plena pandemia fizeram carreatas contra as medidas sanitárias, contribuindo com notícias falsas sobre o papel das vacinas, atrasando e muito uma política concreta contra o avanço da covid-19. Resultado: mais de 660 mil brasileiros mortos.

Temos uma história marcada pela memória seletiva.

Uma anistia que silenciou sobre os agentes do estado responsáveis pelas torturas e desaparecimentos e a permanência deles como servidores públicos. O não questionamento do papel de nossas instituições no período da ditadura, como o judiciário, acabam por manter esse caldo cultural autoritário no presente, um exemplo: um juiz que tentou censurar o Lollapalooza por ter um artista com bandeia de apoio ao Lula, presidente e os gritos da multidão de "fora, Bolsonaro"!

Essa sedução pelo autoritarismo precisa ser vencida por nós, trabalhadores. Nunca foi tão necessário ocupar, resistir e produzir.

Precisamos ocupar as ruas, os espaços públicos na defesa de nossos direitos e da democracia, resistir à onda conservadora e autoritária que avança em escala global, produzir uma nova história, de resistência, de organização, de esperançar (Viva Paulo Freire!) de uma sociedade mais justa, humana e solidária!

Edição: Mariana Pitasse