"VOU INTERFERIR"

Novo diretor da Polícia Federal troca comando de setor que investiga Bolsonaro

Caio Rodrigo Pellim substituirá Luiz Flávio Zampronha na Diretoria de Investigação e Combate à Corrupção

Brasil de Fato | Brasília (DF) |

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"Vou interferir", teria dito Bolsonaro a ministros sobre troca na PF para proteger família, em maio de 2020 - Marcos Corrêa/PR

Em uma de suas primeiras ações após assumir o cargo, o diretor da Polícia Federal, Márcio Nunes de Oliveira, trocou o comando do setor responsável por investigar o presidente Jair Bolsonaro (PL).

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A mudança foi confirmada em despacho publicado no Diário Oficial da União desta quinta-feira (17). O delegado Caio Rodrigo Pellim substituirá Luiz Flávio Zampronha na chefia da direção de Investigação e Combate à Corrupção (Dicor).

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A troca implementada pelo novo diretor da PF já era cogitada desde que ele assumiu o cargo, em 25 de fevereiro. Márcio Nunes de Oliveira é o quarto nomeado para a chefia da corporação desde o início do governo Bolsonaro.

Antes de ser efetivada, a decisão foi questionada no Supremo Tribunal Federal (STF) em ação apresentada pelo senador Randolfe Rodrigues, em 3 de março.

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“Não é mera coincidência que a troca repentina e inesperada no comando da Polícia Federal tenha se dado justamente após o órgão ter informado ao Supremo Tribunal Federal, no início de fevereiro deste ano, que concluiu que o Presidente da República, Sr. Jair Messias Bolsonaro, cometeu crime ao divulgar informações sigilosas de uma investigação”, escreveu o senador.

Acuado por investigação da PF

Diversas investigações da Polícia Federal pairam sobre Jair Bolsonaro. Uma delas, em especial, aponta uma atuação “direta, voluntária e consciente” do presidente e do deputado Filipe Barros (PSL-PR) pelo crime de vazamento de informações sigilosas de inquérito que investiga suposto ataque de hackers às urnas eletrônicas em 2018.

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De acordo com o relatório policial, o conjunto de provas reunidas durante a investigação, como a tomada dos depoimentos, permite identificar que houve divulgação indevida do inquérito policial, feita a partir da entrega formal da documentação ao deputado federal Filipe Barros, com a finalidade de utilização nas discussões da PEC 135/2019, sobre o voto impresso.

Quarta troca em quatro anos

A quarta troca feita pelo governo de Jair Bolsonaro no comando da PF conduziu Márcio Nunes de Oliveira no posto que era ocupado por Paulo Maiurino.

As mudanças têm sido uma constante na atual gestão. Depois da saída do delegado Maurício Valeixo, que era o nome indicado pelo então ministro da Justiça Sergio Moro, o presidente nomeou, em abril de 2020, o diretor da Agência Brasileira de Inteligência, Alexandre Ramagem, para o cargo.

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A escolha de Ramagem, contudo, foi barrada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, sob suspeita de desvio de finalidade. Em reação, o presidente escolheu o delegado Rolando Alexandre de Souza, que foi trocado em abril do ano passado por Paulo Maiurino.

Edição: Rodrigo Chagas