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As lutas das mulheres em 2022 são importantes passos para as transformações

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Março é um mês prenhe de possibilidades para construção de outro mundo com relações humanas e ambientais emancipadas - Dandara Sturmer
O ano de 2022 se inicia com vários desafios: o principal deles derrotar Bolsonaro nas urnas

(Às mulheres que ousam sonhar projetos) 
A forma suave da mais pura rebeldia traduz os traços deste Ser mulher. 
Desmedidamente ousada, inconfundivelmente capaz. 
transpira coragem, inspira unidade
conspira coletivamente a construção de caminhos
que rompem com a acomodação cotidiana. 
Março traz consigo o aroma incomparável dos dias de confronto. 
Das lutas, do campo, da camponesa.

Aromas de março – Diva Lopes 

O ano de 2022 se inicia colocando na arena pública vários desafios para a classe trabalhadora: o primeiro, sem dúvida, é derrotar Bolsonaro nas urnas. No entanto, para isso ter resultados efetivos é preciso derrotar o Bolsonarismo nas ruas, de forma poder avançar nas pautas de enfrentamento ao conservadorismo que temos vivido nos últimos tempos.

É nessa perspectiva que a jornada de luta das mulheres em torno do 8 de março é um momento central nesse enfrentamento.

Nacionalmente as mulheres construíram a chamada “Pela vida das mulheres, Bolsonaro nunca mais, por um Brasil sem machismo, racismo e fome”. 

O lema traz uma convocatória para a luta, para ocupar as ruas como historicamente as mulheres fizeram em defesa dos direitos e da vida, mas também é uma denúncia do aumento da violência contra as mulheres, nos vários espaços da vida – doméstica, social, política, econômica, espiritual, cada vez mais tendo como consequência final o feminicídio ou o suicídio. As mulheres negras tem sido as principais vítimas dessas violências.   

Denunciamos também o aumento do racismo que se expressa nos assassinatos repercutidos nacional e internacionalmente como de Evaldo (fuzilado com 80 tiros) e de Moïse (espancado até a morte), mas, também nos cotidianos assassinatos da juventude da periferia, nas constantes ameaças de despejo contra ocupações em resistência pelo direito a terra e a moradia e na super apropriação da mais valia da força de trabalho da população negra, principalmente das mulheres.

Se expressa também na violência contra os povos indígenas, na invasão e destruição de seus territórios, na criminalização de suas lutas.

Trazemos a denúncia da fome, pois ao mesmo tempo em que o agronegócio busca se consolidar como “agro tudo” afirmando o Brasil como "celeiro do mundo" e mantendo lucros imensuráveis a partir do aumento das exportações, o Brasil volta a figurar no mapa da fome com mais de 20 milhões famélicos e mais de 50% da população em insegurança alimentar segundo os dados do Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil.

Isso confirma que o agronegócio não produz comida, e sim, mercadoria, provocando grandes danos ambientais. Sendo assim, o agronegócio não tem capacidade de resolver os problemas da fome e da crise ambiental, pois seu modelo acumulador e centralizador é responsável por gerar esses problemas.

Assim, março, como afirmam as mulheres sem terra, é um mês que exala rebeldia.

É um mês prenhe de possibilidades para construção de outro mundo com relações humanas e ambientais emancipadas, livres de qualquer forma de violência. Vamos juntas promover grandes mobilizações de massas que abrem caminhos para um 2022 de muitas outras lutas e de esperança de mudanças estruturais! Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres! Mulheres em luta não vão sucumbir!

Edição: Mariana Pitasse