Antirracismo

Programa Bem Viver aborda expressão negra na música e realidade racista em pesquisa

A edição repercute entrevista com a cantora Paula Lima e divulga estudo sobre abordagem policial

Ouça o áudio:

É evidente que o governo Bolsonaro é um dos responsáveis pela escalada da matança de negros e negras, principalmente jovens, nos últimos anos - Giorgia Prates
Logo que acabou a eleição em 2018, eu fiquei com muito medo

A família do congolês Moïse Kabagambe, morto no último dia 24, no Rio de Janeiro, sofreu ameaças após a Prefeitura do Rio de Janeiro anunciar a proposta de concessão do quiosque onde ocorreu o crime. A situação é emblemática sobre um contexto de racismos, abordados nesta quarta-feira (16) no programa Bem Viver

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A edição aborda a luta antirracista no Brasil a partir da repercussão da entrevista com a cantora Paula Lima, no BdF Entrevista, e dos resultados da pesquisa "Elemento Suspeito", realizada pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania, da Universidade Cândido Mendes, no Rio de Janeiro. Essas duas pautas se juntam ao próprio acompanhamento do "Caso Moïse".  

Música

A cantora Paula Lima destaca que as eleições de 2018 ficaram marcadas por uma virada de chave na política e na sociedade brasileira. Assim, a entrevistada afirma que os discursos proferidos oficialmente mobilizaram uma parcela da população em um caminho perigoso, onde grande parte dos direitos estabelecidos e avanços sociais alcançados foram colocados em xeque.

“Logo que acabou a eleição em 2018, eu fiquei com muito medo. Eu fiquei muito assustada porque eu realmente não sabia que a gente convivia com pessoas que pensavam dessa maneira”, afirma.

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Lima destaca que apesar de serem corriqueiros os casos de racismo, sentia uma paralisia da sociedade brasileira em relação ao tema. “E acho que a gente estava muito no automático antes da pandemia. Esses problemas, sempre aconteceram, a gente estava meio anestesiado”, explica. 

Segundo a cantora, a morte de George Floyd, nos Estados Unidos, em maio de 2020, foi um divisor de águas. “Aquilo doeu de uma maneira diferente. Primeiro porque a gente viu uma pessoa dizendo: ‘eu não consigo respirar, eu não consigo respirar, eu não consigo respirar”. E um outro com o joelho no pescoço dele”.

Pesquisa

A pesquisa Elemento Suspeito, realizada pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania, aponta que 63% das abordagens policiais no Rio de Janeiro são direcionadas a pessoas negras, apesar desse público ser menos da metade da população total da cidade. 

O estudo é uma reedição de levantamento realizado em 2003. Na comparação, o levantamento atual revela aumento nos casos de ameaças (de de 6,5% para 23%) e no uso de armas apontadas (de 9,7% para 28%) durante a ação policial.

A cientista social Silvia Ramos, coordenadora do centro de estudos, afirma que há um padrão cultural racista dentro das forças de segurança pública. 

Contra as fake news

A edição também traz os detalhes sobre o acordo firmado entre o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e plataformas de redes sociais na terça-feira (15) para combater a disseminação de fake news durante as eleições de outubro. O compromisso foi firmado com o Google, WhatsApp, Facebook, Instagram, YouTube, Twitter, TikTok e Kwai.

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Os memorandos, que fazem parte do Programa de Enfrentamento à Desinformação, iniciativa instituída pelo Tribunal em 2019, listam as ações, medidas e projetos que serão desenvolvidos em conjunto pela Corte Eleitoral e por cada plataforma, conforme as respectivas características, funcionalidades e público-alvo.

Por meio desse acordo, todas as plataformas se comprometem a priorizar informações oficiais como forma de mitigar o impacto nocivo das fake news ao processo eleitoral brasileiro.


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Edição: Daniel Lamir