Milícia Digital

PF confirma a existência do “gabinete do ódio” em relatório enviado ao STF; leia o documento

Segundo a Polícia Federal, a milícia digital age contra as instituições do país e a democracia

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

Ouça o áudio:

Os filhos do presidente, Flávio e Carlos Bolsonaro, frequentemente são associados à difusão de informações falsas e ataques às instituições democráticas - Evaristo Sá / AFP

A Polícia Federal enviou um relatório ao Supremo Tribunal Federal (STF) no qual aponta para a existência de uma milícia digital que atua por meio de um “gabinete do ódio” contra as instituições democráticas do país. 

:: Leia o documento na íntegra:: 

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“Observa-se também que, além de promover ataque aos veículos tradicionais de difusão de informação (jornais, rádio, TV etc.) e de estimular a polarização e o acirramento do debate, a organização utiliza essa estrutura para atacar de forma anônima diversas pessoas (antagonistas políticos, ministros do STF, integrantes do próprio governo, dissidentes etc.), tudo com o objetivo de pavimentar o caminho para alcance dos objetivos traçados (ganhos ideológicos, político-partidários e financeiros)”, escreveu a delegada da PF Denisse Ribeiro, que assina o documento. 

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Ribeiro ainda resumiu como se dá a atuação do grupo em quatro processos. O primeiro é a eleição: quando o grupo escolhe quem são os alvos. Depois a preparação, ou seja, a elaboração dos conteúdos a serem publicados. Em terceiro, o ataque em si com a publicação de ataques ofensivos e notícias falsas. Por fim, o gabinete faz a reverberação, que é o cruzamento das postagens e as retransmissões. 

A delegada também informa que o grupo atuou na difusão de informações falsas sobre a pandemia de covid-19. “Como exemplo, entre outros, pode-se citar a questão do tratamento precoce contra a COVID-19 com emprego de hidroxicloroquina/cloroquina e azitromicina.” 

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Apesar de apontar para a existência do gabinete de ódio, a delegada considera que ainda existem lacunas que precisam ser preenchidas e, por isso, afirma que é necessário aprofundar as apurações. “Há, da mesma forma, lacunas que precisam ser preenchidas, indicadoras da necessidade de realização de novas diligências voltadas à individualização dos fatos praticados, com indicação de autores e partícipes”, completou a delegada. 

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A delegada também conduz o Inquérito das Fake News na Polícia Federal que apura a disseminação de notícias falsas sobre as urnas eletrônicas, cujo alvo são o presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados. 

Edição: Vivian Virissimo