Rio de Janeiro

PANDEMIA E TRABALHO

Mais da metade dos casos de covid entre trabalhadores da Petrobras estão no Rio de Janeiro

Empresa contabiliza 1370 casos confirmados da doença, desse total, 900 estão no RJ e 548 na região Norte Fluminense

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Desde o início de janeiro, a explosão de casos de covid-19 no Brasil tem gerado preocupação de entidades que representam os petroleiros - Divulgação/Petrobras

Mais da metade dos casos confirmados de covid-19 na Petrobras estão concentrados no estado do Rio de Janeiro. Até a última segunda-feira (24), a empresa havia contabilizado cerca de 1370 casos confirmados da doença. Desse total, 900 estão no Rio, sendo 548 na região Norte Fluminense. 

A informação dos números do Rio de Janeiro foi obtida pelo Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF) junto com o grupo de Estrutura Organizacional de Resposta (EOR) da Petrobras em uma reunião na quinta-feira (27).

Desde o início de janeiro, a explosão de casos de covid-19 no Brasil tem gerado preocupação de entidades que representam os petroleiros.

Na semana passada, uma imagem de trabalhadores deitados no chão da plataforma P-52, na Bacia de Campos, viralizou nas redes sociais. 
Um surto de covid-19 ocorreu na plataforma e os trabalhadores tiveram que deixar os camarotes para a higienização. A informação é de que os funcionários não dormiram ao relento, mas precisaram ficar na área externa por um longo período. 

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Segundo a Petrobras, o processo de higienização durou aproximadamente duas horas e, voluntariamente, os funcionários decidiram esperar deitados na área externa da plataforma.

De acordo com Raimundo Teles, da Secretária de Saúde e Meio Ambiente da Federação Única dos Petroleiros (FUP), o caso da P-52 não é isolado, a situação tem se repetido em outras plataformas pelo país. De acordo com ele, que atua há quase 40 anos na empresa, há uma falta de logística da companhia para lidar com o avanço da pandemia nas plataformas.

“A Petrobras com a sua logística se mostrou totalmente ineficaz, como a questão do apoio logístico para transporte aéreo, além de um número muito grande de profissionais aeroviários contaminados, existe uma dificuldade de suprir com aeronaves extras, para compor um conjunto de voos necessários para atender a RDC [Resolução de Diretoria Colegiada] 584 da Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] que estabelece que a partir do momento que se identifica um caso positivo dentro de uma unidade marítima, a Petrobras ou qualquer outra empresa, é obrigada a fazer uma testagem geral em todo o efetivo presente e para isso ela tem que deslocar toda uma logística até o local”, explica Teles. 

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O sindicalista alerta ainda que o surto de covid nas plataformas tem ocasionado o aumento da jornada de trabalho de profissionais para além dos 14 dias previstas em lei. De acordo com Teles, o sindicato reivindica mais transparência de informação da empresa com relação aos dados e a emissão da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) para funcionários que contraíram a doença em ambiente de trabalho.

“A ausência dessa emissão [CAT] está levando os trabalhadores a um prejuízo previdenciário imenso, não só os trabalhadores no que diz respeito aos seus direitos previdenciários, mas também uma proteção, inclusive, para a definição de pensões para os dependentes, viúvos e viúvas dos que foram vitimados pela covid. E por fim, a transparência das informações para que possamos contribuir no combate à pandemia e na manutenção de uma comunicação com a sociedade e órgãos identificados com a proteção do trabalhador”, conclui.

Outro lado

O Brasil de Fato procurou a Petrobras para um posicionamento a respeito do aumento de casos de covid-19 entre funcionários e a situação na P-52. Por meio de nota, a Petrobras informou que “todos os novos casos confirmados na companhia são assintomáticos ou com sintomas leves e que não há impacto significativo nas operações em razão de afastamentos de colaboradores contaminados”.

Sobre a situação na P-52, a empresa disse que “o isolamento e os procedimentos para desembarque dos trabalhadores na plataforma P-52 foram iniciados imediatamente após recebimento dos primeiros resultados de exames, na noite de quarta-feira (19)”. 

A Petrobras informou ainda que está aumentando a sua frota de aeronaves para garantir o desembarque dos casos positivos em suas unidades no menor prazo possível e destacou que “as atividades operacionais são desempenhadas de forma segura de acordo com os mais rigorosos padrões de segurança e protocolos de saúde, como: testagem; distanciamento físico; uso obrigatório de máscaras; procedimentos de higienização e limpeza de mãos, ambientes e equipamentos; adequação de efetivo; isolamento imediato e desembarque dos casos suspeitos e seus contactantes”. 

Edição: Mariana Pitasse