"volta zé gotinha"

Instituições sociais criam frente para fortalecer vacinação infantil contra covid-19

Seis organizações, entre elas a OAB e a CNBB, lançam manifesto contra "sabotagem da vacinação pediátrica"

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Crianças indígenas, com deficiência ou alguma comorbidade são público prioritário na campanha de vacinação infantil do Brasil - Nelson Almeida / AFP

Após uma semana do início da vacinação de crianças contra a covid-19, seis organizações lançam o Pacto pela Vida das Crianças Brasileiras, uma frente para promover a imunização infantil e combater o negacionismo. "É urgente pensar com lucidez, responsabilidade e profundo sentido ético", afirmam as instituições em nota.

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Mais de 80% dos pais e responsáveis querem vacinar os filhos contra a covid-19, de acordo com estudo VacinaKids, realizado pela Fundação Oswaldo Cruz, em janeiro de 2022. No Brasil, estão autorizados os imunizantes da Pfizer- BioNTech e a CoronaVac para crianças de 5 a 11 anos.

O manifesto de criação da frente é assinado pela Academia Brasileira de Ciências (ABC), pela Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), pela Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns, pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

As entidades criticam a postura das autoridades brasileiras, que ainda divergem das orientações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e alertam para as campanhas de desinformação em torno do tema. O Ministério da Saúde levou 20 dias para anunciar a aplicação das vacinas nas crianças, mesmo após a Anvisa ter aprovado o uso do imunizante da Pfizer para essa faixa etária.

"Manobras para desacreditar as vacinas, com o bombardeio incessante de declarações infundadas, têm tão somente por finalidade minar a confiança dos pais diante do que é correto e inadiável fazer: vacinar as crianças, garantindo-lhes proteção diante de um agente infeccioso grave", ressaltam as organizações em nota. 

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O Brasil teve 1.544 mortes de crianças por covid-19 de 0 a 11 anos desde o início da pandemia. No entanto, a taxa de letalidade entre as crianças de 0 a 4 anos é quatro vezes maior em comparação com o público mais velho, segundo dados do Ministério da Saúde.

A variante ômicron provocou aumento de 44% nas internações e mortes de crianças por covid-19, como apontou a plataforma SP Covid-19 Info Tracker, criada pela Universidade de São Paulo e pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). Essa tendência foi a oposta do público vacinado, tanto de adultos como de adolescentes a partir de 12 anos, que estão recebendo os imunizantes desde setembro de 2021.

O aumento de resultados positivos para covid-19 entre crianças entre 0 a 13 anos saltou de 3,3% para 50,8% entre 27 de dezembro e 18 de janeiro nos testes do Grupo Pardini, rede com laboratórios presente em todas as regiões do Brasil.

Neste domingo (23), a secretaria de saúde de Salvador divulgou que todos os leitos de UTI pediátrica estão lotados com pacientes com covid-19, assim como 70% dos leitos comuns. Em todo o estado da Bahia, a ocupação de UTIs pediátricas já alcança 93%.

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Ainda em setembro passado, a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Carissa Etienne, havia alertado que crianças também desenvolvem quadros graves da doença e criticou o retorno presencial às aulas sem o aumento da imunização infantil.

"Não existe um cenário de risco zero”, destacou a diretora da Opas. “À medida que mais adultos recebem suas vacinas contra a covid-19, as crianças - que ainda não são elegíveis para vacinação na maioria dos países - representam uma porcentagem maior de hospitalizações e até mortes por covid-19”.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, cerca de oito milhões de crianças foram vacinadas contra a covid-19 em todo no mundo, com destaque para Cuba - primeiro país a vacinar menores de 11 anos.

Contando crianças, adolescentes e adultos, o Brasil acumula até ontem (22) 23.909.175 de casos confirmados de covid-19 e 622.801 óbitos pela doença, segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).

Edição: Sarah Fernandes