Rio de Janeiro

REPRESENTATIVIDADE

No Rio, jovens empreendem no ramo da moda e valorizam a identidade periférica

Programa Papo na Laje recebe dois convidados que idealizaram a própria marca de roupas na Baixada Fluminense

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Papo na Laje é um programa sobre experiências de protagonismo da juventude das favelas e periferias do Rio de Janeiro - Stefano Figalo

Gravado na Baixada Fluminense, o episódio do programa Papo da Laje desta quinta-feira (20) recebe dois jovens do Rio de Janeiro que colocaram em prática o sonho de idealizar a própria marca de roupas e acessórios. Além de trocar experiências, eles falam sobre processo criativo, inspiração e sustentabilidade financeira para manter um negócio.

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O universo que envolve linha, agulha e tecidos é uma herança enraizada na família da produtora de moda Ana Victoria, mulher trans de 26 anos, nascida no bairro KM 32 em Nova Iguaçu. No programa, ela conta que desde criança admirava as avós e a mãe costurando em casa. 

No entanto, o interesse pela técnica surgiu quando passou a não se identificar com a modelagem das roupas nas lojas de departamento. Já em 2013, o curso de produção de moda no Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) expandiu seus horizontes, segundo conta.  

Atualmente, ela prepara o lançamento da sua primeira coleção na marca autoral chamada @umanaoficial no Instagram, enquanto produz peças por encomenda e oferece serviços de reparo, costumização e tingimento no bairro em que mora. Para Ana, a moda como expressão da sua identidade de gênero extrapolou a esfera individual.

“Tinha vergonha de dizer que costurava, que queria fazer moda, eram coisas que não eram ditas pra mim. Quando a gente desbloqueia tudo isso, as pessoas percebem a evolução. Hoje faço a diferença, sendo uma pessoa trans, LGBT e saindo desse lugar de marginalização. Meu sonho é ter minha marca aqui onde minha raiz está”, disse em entrevista à apresentadora Juliana França. 

Resgate da identidade

Resgatar a identidade periférica no mundo da moda também é importante para Adan Chenkov, de 28 anos, fundador da @deepsideoficial no Instagram. “Nossa proposta é mostrar que as pessoas estão além da estética, existe sempre uma história por trás”, afirma. Ele conta que o objetivo de dar vida à própria marca de vestuário vem desde o primeiro emprego.

“Quem vende roupa, vende R$ 100 mil e ganha um salário mínimo. Era algo que eu gostava, mas não era meu sonho. Decidi entrar de cara e ter uma marca”, completa Adan, nascido no Santíssimo, bairro da zona Oeste do Rio.

As vendas começaram em julho de 2020 e a equipe já prepara o lançamento da terceira coleção de camisas, bonés e bolsas da marca para este ano. “Nesse novo processo criativo vamos trazer raiz, bem papo na laje, carioca. Vai ser voltada para a estética brasileira para mostrar que na favela tem coisas incríveis, só que ninguém vê esse lado”, disse em entrevista ao programa.

Assista o episódio completo do programa Papo na Laje noYouTube, às 18h: 

 

Edição: Mariana Pitasse