Rio Grande do Sul

Alerta

Caravana de grupo conservador católico percorre cidades do Norte do RS

Integrantes do Instituto Plínio Corrêa de Oliveira estiveram nas ruas abordando pessoas e exibindo estandartes e banda

Brasil de Fato | Seberi (RS) |
Membros do IPCO circulam pelas ruas de Seberi (RS) sem comunicar a paróquia local a natureza de suas ações - Imagens captada por uma das fontes da matéria

Um grupo ultraconservador, de inspiração católica, está percorrendo municípios da região Norte/Noroeste do Rio Grande do Sul, realizando desfiles com estandartes e banda e abordando populares nas ruas. Há relatos de abordagens de caráter puramente missionário/evangelizador, mas também há relatos de solicitação de doações e coleta de dados das pessoas abordadas.

Os participantes dessa ação intitulam-se integrantes do Instituto Plínio Corrêa de Oliveira (IPCO), organização civil de inspiração católica tradicionalista. Segundo os relatos que chegaram até a redação do Brasil de Fato RS, os "missionários" já teriam passado pelos municípios de Frederico Westphalen e Ametista do Sul, seguindo para Seberi.

Em contato com a secretaria da Diocese de Frederico Westphalen, a reportagem conversou com o padre Carlos Alberto Pereira da Silva. Ele explicou que, por se tratar de uma associação civil, ainda que de inspiração católica, o IPCO não tem nenhuma vinculação com a Igreja. Possui registro CNPJ próprio e portanto não está submisso aos regramentos propostos pela Igreja e, do mesmo modo, não está autorizado a falar em nome da Igreja.

Ainda segundo Padre Carlos, qualquer pessoa que se sinta enganada pelos agentes do IPCO deve recorrer aos mecanismos civis de proteção ao cidadão, como a polícia ou o Ministério Público.

O Brasil de Fato RS também contatou o Padre Evandro Lazaretti, pároco de Seberi, um dos municípios visitados pelos integrantes do IPCO. O mesmo demonstrou surpresa ao saber da passagem dos integrantes do instituto pela cidade e destacou que os mesmos não tem autorização da paróquia para falar em nome da Igreja, nem requerer qualquer tipo de doação ou coleta de dados junto aos paroquianos.

Lazaretti informou ainda que comunicaria os meios de comunicação locais a este respeito. Foi constatado que as emissoras de rádio locais compartilharam o alerta do pároco nos espaços de informação ao meio-dia.

Tentamos contato com a direção do IPCO por telefone e email, mas até o momento do fechamento desta matéria não tivemos nenhum retorno. O espaço ficou a disposição para o contraponto, enviado através de email no dia 02/02/2022.

 

Resposta do IPCO

As perguntas encaminhadas via email ao IPCO foram respondidas por Frederico Viotti, Diretor de Comunicação da organização. Conforme apontado por Viotti, "A Caravana do IPCO não fala em nome da Igreja, mas da associação Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, uma associação civil de inspiração católica. Ela não se apresenta e nem se apresentou em nome da Igreja Católica".

Divergindo da informação apurada por nossa reportagem, Viotti informou que a Diocese havia sido comunicada da presença da Caravana e que o Bispo de Frederico Westphalen, Dom Antonio Rossi Keller nutre simpatia pelas ações da Caravana. Segundo informações do Diretor de Comunicação, bispos e padres locais são comunicados da presença dos representantes do IPCO: "A comunicação prévia não é necessária, mas o IPCO sempre procura o padre local (nas cidades pequenas) ou o Bispo, nas cidades onde há bispos", afirmou.

Quanto à solicitação de dados pessoais e doações por parte dos integrantes da caravana, explica que "A caravana divulga obras em defesa da doutrina católica. Não são solicitados dados pessoais. Os donativos que recebe são para o custeio da própria Caravana, que se mantém com a ajuda dos simpatizantes em cada cidade".

Frederico Viotti alertou ainda que o IPCO não tem relação com a organização Arautos do Evangelho, que atualmente está sob investigação por parte do Vaticano.

 

Editado pelo autor, em 02/02/2022, 12h56.


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Edição: Marcelo Ferreira