CRISE

Presidente do Cazaquistão denuncia tentativa de golpe de Estado após 8 dias de protestos

Chefe de Estado defende que ações foram coordenadas por "terroristas treinados no exterior"

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Presidente do Cazaquistão afirma que protestos foram marcados por violência terrorista e buscavam um golpe - Johanna Geron / AFP

O presidente do Cazaquistão, Kasim-Yomart Tokáev, afirmou nesta segunda-feira (10) que os protestos que já duram oito dias fazem parte de uma tentativa de golpe de Estado e que "todas as hostilidades foram coordenadas de um centro". 

Durante uma reunião do Conselho de Segurança Coletiva da Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC), criado em 1992 pela Rússia, Armênia, Bielorrússia, Quirguistão, Uzbequistão, Tajiquistão e Cazaquistão, Tokáev afirmou que os protestos foram organizados por milicianos estrangeiros que tentaram roubar armamento militar, assim como foram responsáveis pela morte de 16 agentes de segurança do Estado.

A cifra total de vítimas civis ainda não foi divulgada pelas autoridades, mas somente na província de Almaty, antiga capital e a cidade mais populosa do país, houve 164 mortos e cerca de mil feridos. Sedes do governo e o aeroporto foram tomados pelos manifestantes.


Entre os dias 6 e 9 de janeiro, cerca de 2.030 soldados da aliança de segurança coletiva dos países ex-soviéticos foram enviados para conter os distúrbios no Cazaquistão / Vyacheslav Oseledko / AFP

"Usam um manto de protestos espontâneos para organizar distúrbios massivos. Sob uma única ordem se manifestaram radicais religiosos, criminosos, bandidos e agitadores. Estamos falando de uma tentativa de golpe", declarou o mandatário.

Após a reunião da OTSC, o presidente russo, Vladimir Putin, apoiou a ideia de que se tratava de um "ataque terrorista" ao país vizinho.

"Usaram grupos armados preparados em campos de treinamento de terroristas no exterior", denunciou Putin.

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O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, defendeu que trata-se de uma operação de "revolução colorida" para desestabilizar os ex-Estados soviéticos. “Isso não é novo, apenas mais uma vez foi confirmado pelos recentes eventos no Cazaquistão.”


Nesta segunda-feira (8), presidentes dos países que formam o Tratado de Segurança Coletiva se reuniram para debater a operação de paz no Cazaquistão / Alexey Nikolsky / AFP

As maiores manifestações opositoras do Cazaquistão desde o fim do período soviético começaram no dia 2 de janeiro após o aumento do preço do combustível e desembocaram em outras exigências mais amplas, como o fim da corrupção.

Na última quinta-feira (6), o presidente Kassym-Jomart Tokayev anunciou que iria reintroduzir um limite no preço do gás por ao menos seis meses para estabilizar a situação socioeconômica e declarou estado de emergência nas regiões mais afetadas.

Desde o dia 6 de janeiro, cerca de 2.030 soldados dos países da OTSC, a organização de antigos países da URSS, está no Cazaquistão

Até o momento, 8 mil pessoas foram detidas por sua relação com homicídios, roubos e outros delitos, entre eles está o ex-chefe do Conselho de Segurança Nacional, Karim Massimov, acusado de traição.

Contra as críticas de que seriam tropas de ocupação, o presidente de Bielorrússia, Alexander Lukashenko destacou que a OTSC atuou a pedidos do governo do Cazaquistão e comunicou o início da operação ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, assim como a outros organismos de cooperação regionais. 

* Com informação de Sputnik, Moscow Times, RT e DW

Edição: Thales Schmidt