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COOPERAÇÃO

Câmara dos Vereadores e UFRJ assinam acordo para mapear a fome no Rio

O estudo pretende subsidiar a criação de políticas públicas para a capital fluminense

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Além de parlamentares, representantes de movimentos sociais também participaram do encontro - Foto: Eduardo Barreto

A Câmara do Rio e o Instituto de Nutrição Josué de Castro, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), assinaram na última quarta-feira (15) um convênio para a elaboração de um estudo sobre as áreas da capital fluminense com mais fome e insegurança alimentar. A previsão é de que os dados sejam divulgados no segundo semestre de 2022. 

À frente da iniciativa de firmar o convênio entre a Câmara e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) está o vereador Dr. Marcos Paulo (PSOL), que lidera a Frente Parlamentar contra a Fome. Segundo o vereador, o estudo se faz urgente porque o poder público não conhece o panorama atual do problema. 

“A prefeitura não sabe onde está o maior gargalo, onde as pessoas não estão com alimento na mesa. Por exemplo, tem pessoas que não têm botijão de gás, fogão. Então o alimento tem que chegar já pronto. E também tem pessoas que uma cesta básica já ajuda. Só que a prefeitura não tem esse mapeamento”, ressaltou.

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A professora do Instituto de Nutrição Josué de Castro e futura coordenadora do estudo, Rosana Costa destacou como o acúmulo de dados sobre a insegurança alimentar pode contribuir para pensar políticas públicas eficientes. 

 “A grande importância desse convênio é que, pela primeira vez, a gente vai conseguir fazer um mapeamento do cenário da fome e da insegurança alimentar em todos os seus níveis no município do Rio de Janeiro. Uma vez que a gente não tinha esses dados, a realização de uma pesquisa com esse duplo recorte, ou seja, a parte quantitativa e a parte da análise política, conseguimos dialogar entendendo o cenário atual e a partir daí fazer propostas”, ponderou.

A deputada estadual Renata Souza (PSOL) também esteve presente na assinatura do convênio na Sala da Presidência. A parlamentar exaltou a integração entre as duas Casas Legislativas e chamou a atenção para a situação dramática hoje, em que pessoas são vistas comprando ossos para roer.

 “É fundamental que a Alerj e a Câmara dos Vereadores da cidade do Rio de Janeiro possam conversar e estabelecer também uma relação de luta contra a fome. Nós já temos a Frente Parlamentar da Assembleia Legislativa de Combate à Fome e à Miséria no estado do Rio de Janeiro e estamos já irmanados com a Frente Parlamentar construída aqui na Câmara. Então, nesse sentido, também queremos fazer com que esse convênio abarque o estado do Rio. Para isso, a nossa conversa com o presidente da Alerj, André Ceciliano, é primordial”, adiantou Souza. 

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Ainda estiveram presentes na reunião o vereador Chico Alencar (PSOL) e representantes do Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA), do Serviço Franciscano de Solidariedade – SEFRAS, do Movimento Unido dos Camelôs (MUCA) e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MTST). 

Contexto de perdas

Nesta semana, o Brasil de Fato produziu uma reportagem mostrando que o estado do Rio de Janeiro passou a ser mais desigual a partir do terceiro trimestre de 2021. 

De acordo com a pesquisa realizada pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas, o FGV Social, a partir de informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre os três estados que tiveram queda no rendimento médio, o Rio de Janeiro teve o pior índice: - 11,9% (salário médio de R$ 3.278 no segundo trimestre de 2021 para R$ 2.888 no terceiro trimestre deste ano), seguido por Amazonas (- 6,3%) e Paraná (- 5,1%).
 

Edição: Jaqueline Deister