Rio de Janeiro

Coluna

Andreas Pereira e o limite das nossas cobranças

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Andreas Pereira foi bastante cobrado pelo erro na final da Libertadores - Marcelo Cortes / Flamengo
Precisamos falar das cobranças desmedidas que fazemos e das coisas que normalizamos com o tempo

*Luiz Ferreira

O futebol é um esporte tão único que um jogador pode passar de herói para vilão em questão de segundos. Andreas Pereira viveu isso na pele no último sábado (27) com o erro terrível cometido diante do Palmeiras na final da Copa Libertadores da América.

Quem viu o jogo sabe muito bem que Andreas Pereira era um dos melhores em campo (talvez apenas abaixo de Arrascaeta) até “entregar a paçoca” no lance do gol marcado por Deyverson. Sim, meus amigos.

O futebol pode ser redentor e extremamente cruel ao mesmo tempo. E esse lance vai assombrá-lo por muito, muito, muito, mas muito tempo.

O “dia seguinte” à decisão da Libertadores foi marcado pela vitória sobre o Ceará nesta terça-feira (30) e pela bandeira da paz levantada pela torcida do Flamengo. Ver 47 mil pessoas no Maracanã após a fatídica derrota para o Palmeiras só mostra que os jogadores só vão encontrar a paz nos braços das massas e do torcedor que não abandona o clube em nenhum momento.

Mas o ponto aqui é outro. Precisamos muito falar do limite das cobranças que fazemos e das coisas que normalizamos com o tempo.

Horas antes do jogo contra o Ceará, Andreas recebeu a “visita” de membros de uma torcida organizada no Ninho do Urubu. Recebeu o apoio destes, mas sempre com aquele puxãozinho de orelha para que tenha mais atenção redobrada. Na prática, isso pode ser resumido assim: “Olha, estamos com você, mas erra de novo pra ver o que vai acontecer...”

Pra começo de conversa, é um completo absurdo ver membros de torcida organizada indo para o Centro de Treinamento de qualquer clube conversar com jogador, dirigente ou quem quer que seja. Ali é local de trabalho. E achar que tá tudo bem é normalizar absurdos ainda maiores.

Como o protesto nas redes sociais dirigido ao goleiro Hugo Souza que se reuniu com amigos na segunda-feira (29) para almoçar num restaurante na zona oeste do Rio de Janeiro. Sim, meus amigos. O jogador do Flamengo não pode se alimentar ou sair com os amigos numa folga. Ele tem que ficar trancado no quarto, chorando em posição fetal e amarrar bolas de ferro nos pés durante os próximos dois meses como punição.

E olha que Hugo Souza nem entrou em campo contra o Palmeiras hein…

Imaginem se Renê, Gustavo Henrique, Rodinei, Vitinho ou qualquer outro jogador perseguido pela torcida do Flamengo comete o erro que Andreas Pereira cometeu. Eu não gosto nem de pensar nisso.

Aliás, é interessante como a mão dessa mesma torcida organizada pesa mais ou menos dependendo do jogador a ser cobrado, não é mesmo?

Quer cobrar o jogador? Vá ao estádio. Xingue, incentive, faça o que quiser (claro, dentro da legislação vigente). Só não me venha com esse papo que o que aconteceu com Andreas Pereira e Hugo Souza é o correto. Torcedor não tem que ir em CT e nem ficar aporrinhando a vida de jogador de futebol na folga ou na concentração. Tudo na vida tem limite. Até as cobranças.

E O GLORIOSO É SÓ ALEGRIA

De desacreditado a campeão brasileiro da Série B. O Botafogo se superou e fez uma campanha excelente na competição. Agora é colher os frutos para a temporada de 2022.

O VASCO PRECISA DE UMA FAXINA GERAL

E quem via o Vasco no início da Série B pensava que o time não teria problemas para voltar para a elite. Só que a bagunça ainda é grande no clube. Muita coisa precisa mudar para o próximo ano.

FLUZÃO EM COMPASSO DE ESPERA

A vaga na Libertadores não é um sonho impossível para o Fluminense. Mas o time precisa fazer sua parte. A começar pelo jogo contra o Bahia no final de semana. É vencer ou vencer.

*Luiz Ferreira escreve toda semana para a coluna Papo Esportivo do Brasil de Fato RJ sobre os bastidores do mundo dos atletas, das competições e dos principais clubes de futebol. Luiz é produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista e grande amante de esportes.

Edição: Mariana Pitasse