Rio de Janeiro

INVASÃO

Médico de UPA no Rio denuncia ameaça do vereador bolsonarista Gabriel Monteiro

Secretaria de Saúde informou que profissional estava em horário de descanso e não havia pacientes no local

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Gabriel Monteiro
Vereador entrou em quarto e discutiu com médico que, segundo a Secretaria municipal de Saúde, estava em horário de descanso - Reprodução

Médicos da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Magalhães Bastos, na zona oeste do Rio de Janeiro, relataram que foram ameaçados pelo vereador Gabriel Monteiro (PSD) e por seguranças armados na madrugada desta sexta-feira (12). Alguns profissionais da unidade municipal estavam em horário de descanso no momento da abordagem.

"Fui tirar a minha hora de descanso quando fomos abordados, batendo na cama, no quarto dos enfermeiros, com uma total falta de respeito. Nunca imaginei que ia ser acordado por pessoas armadas do meu lado", contou o médico, que não quis ser identificado, ao RJTV, da TV Globo. Ele disse que levará o caso ao Conselho Regional de Medicina.

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No vídeo, Gabriel entra no quarto de descanso da UPA e diz que "acabou a bagunça". Um dos médicos reage, chamando o vereador de "vagabundo". Após a saída do médico do quarto, ele pergunta a outro profissional se ele viu alguém da equipe do vereador fazendo ameaças com armas. O profissional diz que não viu nada.

A Secretaria municipal de Saúde informou que, no momento em que o vereador chegou à UPA, não havia pacientes na sala de espera aguardando para serem atendidos e que o médico estava em seu horário de descanso, com a possibilidade de ser acionando a qualquer momento caso fosse necessário.

Histórico

Desde que assumiu o mandato na Câmara Municipal, no início de 2021, o vereador bolsonarista tem feito incursões em unidades hospitalares, quase sempre sem a autorização da Secretaria municipal de Saúde do Rio. Entidades denunciam também que Gabriel promove produtos e obtém retorno financeiro nas "lives" que realiza a caminho dos hospitais. 

Esta não é a primeira vez que o vereador bolsonarista invade, sem autorização, hospitais e postos de saúde da cidade. Em algumas situações, Gabriel tentou acessar áreas com obrigatoriedade de uso de EPI (equipamento de proteção individual) por conta da pandemia da covid-19, como foi no início do ano, quando ele forçou a entrada no Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, referência no tratamento da doença.

No Conselho de Ética da Câmara dos Vereadores, Gabriel é alvo de pelo menos seis investigações por quebra de decoro parlamentar, mas até agora nenhuma foi adiante. Algumas das denúncias que chegaram ao Legislativo da capital relatam confusões na rua, com direito a agressões físicas, envolvendo o vereador e seus seguranças na rua.

Edição: Eduardo Miranda