Rio de Janeiro

SETEMBRO AMARELO

No Rio, violência autoprovocada atinge principalmente pessoas entre 20 e 39 anos

Estudo da Secretaria de Estado de Saúde revela ainda que homens têm taxa de morte três vezes maior do que mulheres

Brasil de fato | Rio de Janeiro (RJ) |
No Rio, mulheres são as que mais sofrem por violência autoprovocada, chegando a 72,4% do total dos casos registrados na rede pública em 2020 - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Um levantamento realizado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) para analisar como os fluminenses estão sendo impactados pela pandemia revelou que, no biênio 2019 e 2020, as faixas etárias de 20 a 39 anos e 15 a 19 anos são as mais afetadas com relação à saúde mental.

De acordo com a pesquisa, desenvolvida para embasar políticas públicas para a área, o primeiro grupo figura em 45% das notificações de violência autoprovocada, enquanto o segundo grupo é responsável por 22% dos casos. 

“No levantamento notamos também que, no estado do Rio de Janeiro, a taxa de mortalidade tem aumentado gradativamente. Os homens são os que mais sofrem, com taxa de morte três vezes superior às mulheres. As mulheres, por sua vez, são as que mais sofrem por violência autoprovocada, chegando a 72,4% do total dos casos registrados na rede pública em 2020", explica a coordenadora de Vigilância e Promoção da Saúde, da Secretaria de Estado de Saúde, Eralda Ferreira, que chamou a atenção também para o aumento de casos envolvendo as mulheres.

"Outro fenômeno que percebemos é o crescimento mais forte dos registros de violência em geral para o sexo feminino, tanto suicídios, quanto notificações de violência autoprovocada”, aponta Ferreira.

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No mundo houve redução de 36% na taxa global de mortalidade por suicídio nos últimos 20 anos, nas Américas, o movimento foi o inverso e registrou crescimento de 17% na taxa de mortalidade por suicídio no mesmo período. No Brasil, esta ampliação também foi verificada, e o último levantamento realizado mostrou que, nos últimos 10 anos, houve aumento no número de mortes por cada 100 mil habitantes, passando de 4,95, em 2009, para 6,42, em 2019, um crescimento de 30%.

Com o intuito de reduzir esses números, a superintendente de Atenção Psicossocial e Populações Vulneráveis da SES-RJ, Karen Athié, explica que neste ano, o foco do Setembro Amarelo, mês de prevenção ao suicídio, são jovens e adolescentes, um dos grupos mais afetados pela perda de perspectiva com o futuro.

“É importante estarmos atentos aos sinais e ter sempre o acolhimento como regra fundamental, principalmente agora, que a desesperança decorrente da crise pandêmica é um dos sentimentos mais presentes. Além disso, estamos também focando na construção do sofrimento que está passando a pessoa e a sua relação com o coletivo”, ressalta Athié.

Para ampliar o debate, o órgão realiza hoje, Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, o Fórum de Atenção Psicossocial Prevenção do suicídio em jovens e adolescentes. O seminário ocorre no canal do YouTube da SES das 9h ao meio-dia e conta com a participação de Eralda Ferreira, coordenadora de Vigilância e Promoção da Saúde;  Michael Vida, enfermeiro e diretor do CAPSi III Maria Clara Machado, no município do Rio de Janeiro e Rossano Cabral, psiquiatra, professor e vice-diretor do Instituto de Medicina Social da UERJ.


 

Edição: Jaqueline Deister