Paraíba

EDUCAÇÃO

Audiência Pública sobre situação do Curso de Agroecologia da UEPB é realizada na ALPB

O curso corre o risco de ser fechado desde que seus dirigentes reformularam o currículo

Brasil de Fato | João Pessoa (PB) |
Audiência Pública, online, sobre situação do Curso de Agroecologia da UEPB. - Reprodução

Nesta quarta (09), foi realizada uma audiência pública para tratar sobre o reconhecimento do Curso de Bacharelado em Agroecologia da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), do Campus II, em Lagoa Seca, no Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CREA).  O momento foi pautado pela Frente Parlamentar Ambientalista da Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB). O curso corre o risco de ser fechado desde que seus dirigentes reformularam o currículo, criando o curso de Agronomia com ênfase em agroecologia à distância semipresencial.

::Curso de Agroecologia da UEPB está ameaçado de fechar as portas::

A deputada Estela Bezerra, autora da propositura, ressaltou que os movimentos sociais, instituições de ensino superior (IES) e estudantes lançaram nota de repúdio ao enfraquecimento do curso em detrimento ao de Agronomia. O documento lembra que o curso foi instalado no Território da Borborema, “espaço em que a prática da agricultura familiar agroecológica é muito forte”. “Vamos avaliar de que forma podemos arrecadar recursos para fortalecer as organizações voltadas para a agroecologia e promover outras discussões”, disse.

O professor Francisco Roberto, representando o Comitê em Defesa da Agroecologia, fez uma explanação sobre a “História e Objetivo dos Cursos de Agroecologia”. Segundo ele, a agroecologia surgiu no Brasil no final da década de 1980 como uma proposta antagônica ao modelo de produção do agronegócio – o modelo de produção capitalista – gerido pelas ciências agrárias, particularmente pela agronomia.

“Essa audiência pública reforça que o debate não é entre agronomia e agroecologia, porque esse debate é muito maior. Esse debate envolve dois modelos de desenvolvimento para o campo brasileiro, para o campo na Paraíba e para o mundo todo. A agroecologia que vem fazer um enfrentamento desse modelo capitalista no campo, com foco nas pessoas, no bem-viver, no empoderamento das mulheres, dos jovens, dos Camponeses, na produção justa, no comércio, na produção livre de agrotóxicos. Tudo é pensado para a qualidade de vida das pessoas no campo e na cidade”, afirmou.

O agrônomo Franklin Carvalho, coordenador do Grupo de Trabalho em Agroecologia da Associação Brasileira de Agroecologia, apresentou um painel: “A situação dos Cursos de Agroecologia no Brasil quais os avanços e as perspectivas”. Na exposição, ele disse que a agroecologia também é uma ação política, não apenas um movimento pautado no bem-viver.

“O desafio hoje é a gente pensar qual o papel desses cursos. Então acho que, de uma certa forma, estamos nos colocando diante de um desafio geral que é todos os cursos hoje no Brasil, que é o de pensar para onde nós vamos, o que nós vamos fazer, que desafios nós teremos pela frente e como nós vamos enfrentá-los, e que tipo de profissional nós vamos formar”, observou.

O professor Francisco José Loureiro Marinho, coordenador do Curso de Agroecologia da UEPB – Campus Lagoa Seca – discorreu sobre o tema “Desafios e perspectivas do Curso de Agroecologia da UEPB”. Na oportunidade, ele destacou que, no momento atual, o agroecólogo, na condição atual, é podado de trabalhar com agroecologia. Isso, segundo ele, gerou a necessidade da criação de um curso de agronomia com ênfase em agroecologia.

“Não vimos outra saída naquele momento. Mas não vamos matar o curso de agroecologia. Essa ideia é que está equivocada. Nós não vamos extinguir o curso. Em um momento em que se consiga esse objetivo que estamos perseguindo agora, com o apoio do Congresso Nacional, para regulamentar a profissão. O Confea não terá como nos barrar. São nove anos de espera. Não existe um enfraquecimento dos cursos de agroecologia com a nossa posição. Pelo contrário, existe um fortalecimento. Estamos vencendo etapas e conseguiremos chegar aos nossos objetivos”, finalizou.

O curso de Bacharelado em Agroecologia da Universidade Estadual da Paraíba foi o primeiro do Nordeste e desde sua origem, a partir da demanda dos movimentos sociais do campo, nasceu com uma filosofia voltada principalmente para o fortalecimento da agricultura familiar, objetivando formar profissionais na área da agroecologia, com análise crítica da realidade do campo brasileira e capacidade de apoiar iniciativas de ensino, pesquisa e extensão voltadas para a produção de alimentos saudáveis e desenvolvimento rural sustentável.

Também participaram da audiência Roselita Vitor Albuquerque, do Polo Sindical da Borborema; Alexandre Eduardo de Araújo, da Coordenação do Curso de Agroecologia da UFPB – Campus Bananeiras; Célia Regina Diniz, Reitora da UEPB; Luiz Zarref, do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras sem Terra; Mateus Caldeira, estudante do Curso de Bacharel em Agroecologia UFPB; e Katia Stradiotti, Agroécologa pela Universidade do Rio Grande e membro do Comitê Nacional em Defesa da Agroecologia.

Edição: Heloisa de Sousa