Ato antidemocrático

Mais uma ameaça: Bolsonaro fala em "intervenção federal" em discurso para apoiadores no DF

Cerca de 150 mil pessoas foram à Esplanada, segundo informações de jornal; público corresponde a 5% do esperado

Brasil de Fato | Brasília (DF) |

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Manifestantes levaram faixas com dizeres em inglês para a Esplanada dos Ministérios - Paulo Motoryn/Brasil de Fato

O presidente Jair Bolsonaro afirmou, durante o ato realizado na manhã desta terça-feira (7), em Brasília (DF), no Dia da Independência, que deve reunir com o Conselho da República nesta quarta (8/9). O órgão teria competência para avaliar uma eventual intervenção federal, o estado de defesa ou o estado de sítio.

“Amanhã [quarta] estarei no Conselho da República, juntamente com ministros, juntamente com o presidente da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal, com essa fotografia de vocês para mostrar para onde nós todos devemos ir”, declarou.

O Brasil de Fato procurou a assessoria de comunicação do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do presidente do Supremo, Luiz Fux. Nenhum deles confirmou a presença na suposta reunião. O vice-presidente Hamilton Mourão, integrante do Conselho da República, também informou que não foi avisado da reunião, em entrevista à Veja.

:: Manifestações contra Bolsonaro ocupam as ruas no 7 de setembro; acompanhe em tempo real ::

A manifestação teve público menor que o esperado. De acordo com o jornal Valor Econômico, um ministro do Supremo recebeu agora há pouco a estimativa de público de 150 mil pessoas na Esplanada dos Ministérios, o que equivale a 5% do público previsto pelos bolsonaristas mais empolgados em áudios e vídeos distribuídos nas redes às vésperas das manifestações.

O chefe do Executivo fez forte discurso voltado aos apoiadores. Por diversas vezes, ele foi interrompido por parte da multidão: "Eu autorizo, eu autorizo!". A palavra de ordem aponta que os bolsonaristas "autorizam" o presidente a implementar um golpe de Estado.

Apesar da promessa de acionar o Conselho da República, a reportagem flagrou alguns apoiadores decepcionados com a falta de medidas concretas apresentadas por Bolsonaro. "Só falou abobrinha", disse um apoiador ao Brasil de Fato após o ato.

Por volta das 11h, após o fim do discurso de Bolsonaro, o ato começou a esvaziar. Mesmo assim, uma aglomeração segue na Esplanada para acompanhar, à distância, a fala do presidente na Avenida Paulista, em São Paulo. O discurso na capital paulista está programado para as 16h.

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Apoiadora posa para foto com "boneco" de papelão do presidente / Paulo Motoryn/Brasil de Fato


Manifestante exibe faixa contra os ministros do Supremo Tribunal Federal / Paulo Motoryn/Brasil de Fato


Faixa cita as emissoras de televisão Globo e CNN na Esplanada dos Ministérios / Paulo Motoryn/Brasil de Fato

Atos Fora Bolsonaro

O feriado de 7 de setembro, Dia da Independência, também é marcado neste ano por atos contrários ao presidente em mais de 160 cidades do Brasil e do exterior.  Em parte dos municípios, as manifestações se unem ao tradicional Grito dos Excluídos e das Excluídas, que denuncia os problemas sociais brasileiros.

Na capital paulista, o ato chega à 27ª edição com o lema “Vida em Primeiro Lugar” e ocorrerá a partir das 14h no Vale do Anhangabaú, no centro da cidade.

Edição: Vivian Virissimo